O Arcebispo de Madri e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, Cardeal Antonio María Rouco Varela, destacou o aumento da solidariedade, das coletas e dos donativos fixos nos tempos de crise, provenientes tanto de pessoas que vão à Igreja como de outras que não vão, mas que se somam a sua ação.

Perguntado em uma entrevista dada à Cadena Cope, recolhida pela Europa Press, sobre a ajuda dos espanhóis e concretamente de personagens importantes como Amancio Ortega, que entregou 20 milhões de euros ao Cáritas, o Cardeal Rouco Varela assegurou que a generosidade cresceu nas comunidades paroquiais por parte dos que vão à Igreja e também "de alguns que não vão, mas que se somam neste caso à ação da Igreja".

"À medida que crescia a crise e se desenvolvia esse potencial de dor, sofrimento, de pobreza primeiro nos imigrantes, que ainda continuam sendo os mais afetados por ela, e depois nas famílias espanholas que começam a ter que pedir ajuda para cobrir necessidades muito elementares, também crescia a solidariedade, as coletas, os donativos fixos e de uma maneira muito comunitária, muito participada", sublinhou.

Sobre se a Igreja substitui ao Estado em momentos de crise, o Cardeal Rouco explicou que não temos que "sobrestimar o Estado nem em tempos de crise nem de não crise", mas "sublinhar o papel e a responsabilidade da sociedade". Neste marco, indicou que a Igreja lança a mensagem de "transcender o puramente físico, o material, o político, o social" contribuindo com o espiritual.

Status do missionário

Por outro lado, a respeito da necessidade de estabelecer um âmbito de proteção social para os missionários como ocorre com os cooperadores das ONGs, o Cardeal indicou que o processo de solução do problema já foi iniciado com os governos anteriores e que o que fique poderá resolver "com fruto e com êxito nos próximos meses, ou nos próximos anos".

Ante as declarações do Bispo de São Sebastião que assinalou faz umas semanas que, segundo algumas pesquisas, mais da metade dos jovens espanhóis estão afastados da fé, o Cardeal Rouco defendeu que os católicos são "o grupo mais coeso da juventude espanhola e europeia" que há nestes momentos e que, para milhões de jovens na Europa e na Espanha, "a fé é um fator determinante em sua vida".

"Os fenômenos da JMJ não caem do céu, encontram terra boa e se produzem porque há grupos de jovens na Espanha, em Madri, que para eles a fé é um fator determinante em sua vida. São uma maioria? As pesquisa às vezes falam de 10 ou 20 por cento, são estes dados que não podemos nem desvalorizar nem sobrevalorizar. Possivelmente seja realmente o grupo mais coeso da juventude espanhola e europeia neste momento", sublinhou.

O Cardeal defendeu a existência de um setor da juventude que "está unido à Igreja como não esteve nos últimos 40 anos" e assinalou que ainda que este grupo não seja "quantitativamente o majoritário", sim se pode falar de que há uma juventude católica no mundo "muito unida, muito coesa e que podem ser milhões".

Evangelização

Em relação à evangelização em tempos de crise, o Cardeal reconheceu que os momentos difíceis de hoje "têm causas que vêm de antes e se queremos curar as patologias sociais, morais e espirituais de hoje temos que fazer como fazem os médicos com seus diagnósticos, ter em conta os fatores morais e espirituais que produziram e estão produzindo os males e patologias presentes".

Neste sentido, afirmou que na Europa atual se está produzindo uma "perda das raízes cristãs" e uma "crise de fé" que tem "raízes longas". Por isso, indicou que este problema "exige uma resposta da Igreja, do Papa, dos bispos, dos que acreditam, dos que guiam e de todas as pessoas consagradas".

"Esta resposta é o que queremos oferecer a esse mundo descrente e afastado de suas raízes", adicionou.

Finalmente, enviou uma mensagem às famílias espanholas que mais estão sofrendo com a crise.

"Encontrarão a ajuda por um caminho ou por outro, mas são esses momentos da vida em que o espírito deve funcionar, eles devem sentir que muitos estamos preocupados com eles que queremos lhes ajudar de uma maneira eficaz, que se reza por eles, parece que não, mas é muito, e que o Senhor lhes vai ajudar. Podem aproveitar estes momentos de sua vida para ver que há muita gente boa e que eles também podem ser bons", remarcou.

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