ROMA, 5 de nov de 2012 às 14:21
O Padre Mussie Zerai, diretor da Agência Habeshia dedicada à assistência de refugiados africanos, denunciou o abandono de 50 somalis e eritreus –entre os quais se encontram mulheres e crianças-, por parte da ACNUR, o organismo das Nações Unidas encarregada de proteger aos refugiados e deslocados em situação de perseguição ou conflito.
Estes refugiados do Corno de África que chegaram em setembro às costas da Tunísia, foram socorridos pelo guarda costeiro do país, e depois, foram confiados à responsabilidade da ACNUR.
O Pe. Zerai explicou ao grupo ACI no dia 1º de novembro que a organização da ONU, convidou ao grupo a abandonar o edifício onde se refugiava por estes últimos dois meses.
Conforme afirmam seus preceitos, a ACNUR –com sede em Genebra (Suíça), e com mais de 250 escritórios repartidos por todo mundo-, deveria promover soluções duradouras à sua situação, mediante o reassentamento voluntário em seu país de origem ou no de acolhida. Mas em 31 de outubro, o sacerdote recebeu um pedido de auxílio por parte do grupo. Comunicaram-lhe que ACNUR entregou aos deslocados 300 dinares, que são 140 euros, e lhes deu um "ultimato para que abandonassem o edifício".
O Pe. Zerai assinala que esta ajuda econômica não soluciona o problema, porque o grupo de refugiados "não sabe como sobreviver, não conhecem o idioma, nem tem a ninguém que cuide deles ou os proteja".
"Peço aos responsáveis pela ACNUR que não abandonem a estas pessoas que estão pedindo a proteção internacional", denunciou.
Quando era criança, o Pe. Zerai também teve que fugir do seu país, Eritreia, por razões de segurança. De maneira, que faz seis anos, fundou na Itália a Agência Habeshia para solidarizar-se com aqueles que hoje sofrem o mesmo problema que ele.
A organização brinda assistência social, cultural e educativa aos refugiados e promove a integração dos imigrantes com atividades de apoio a projetos de retorno ao país de origem e, além disso, garante aos migrantes assistência administrativa e legal, e lhes envolve em projetos para lutar contra a exclusão, o racismo, a discriminação, e a proteção dos direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Finalmente, em seu chamado, o sacerdote eritreu recordou que ACNUR "deve encontrar um terceiro país disposto a acolher e lhes garantir uma proteção internacional como refugiados".
A situação de milhões de inocentes no Corno de África
No Corno de África, 12 milhões de pessoas vive sob constante ameaça alimentar devido à seca, à aridez extrema, e às numerosas guerrilhas que afloram na zona, fruto de uma grande instabilidade política, econômica e social.
Além disso, esta região é uma das mais pobres do planeta, e por estar situada na zona estratégica dentro da rota dos navios petrolíferos e de mercadorias é uma das zonas de maior interesse para as principais potências do mundo.