REDAÇÃO CENTRAL, 12 de nov de 2012 às 11:43
Regis Iglesias, porta-voz do Movimento Cristão Liberação (MCL), um grupo que busca a transição pacífica a um regime democrático em Cubam, disse que a Espanha não exige uma investigação independente da morte do líder dissidente Oswaldo Payá e Harold Cepero, falecidos em um acidente de trânsito em julho deste ano, porque, além de seus problemas internos, o país europeu tem muitos interesses econômicos que o convertem em um refém do Governo cubano.
“Acredito que além do fato de que Angel Carromero (ativista espanhol de 26 anos condenado pela morte de Payá e Cepero em outubro) esteja como refém em Havana, aqui o verdadeiro refém é o Governo espanhol, pelos interesses econômicos espanhóis em Cuba”, declarou ao grupo ACI o porta-voz do MCL.
Iglesias explicou que atualmente a “situação na Espanha é muito complicada”. “Acredito que os espanhóis têm muitos problemas para demandar com firmeza e com coerência que se faça uma investigação internacional para publicar o que aconteceu com Oswaldo Payá e Harold Cepero”, indicou.
Entretanto, Iglesias disse que “os políticos espanhóis -e não digo todos, há muitos políticos espanhóis que estão próximos de nós, que continuam dando-nos sua solidariedade -, têm terror a entrar em um enfrentamento político com o regime cubano”.
“Eles têm muitos interesses em Cuba e o verdadeiro terror é ter que tomar uma posição coerente, valente, justa em relação ao que sucede em Cuba, ao que está acontecendo nestes momentos, e isto poderia trazer conseqüências que no longo ou curto prazo repercutirão na própria economia espanhola. Acredito que estamos falando de interesses, o verdadeiro terror aqui é a que sejam prejudicados os interesses espanhóis em Cuba”, afirmou.
Oswalda Payá, fundador do MCL, faleceu no dia 22 de julho junto ao ativista Harold Cepero na estrada Las Tunas-Bayamo (Cuba), em um fato que o Governo qualificou de “acidente” de trânsito e pelo qual condenou Carromero, que dirigia o automóvel que colidiu contra o de Payá e Cepero, a quatro da prisão, sob a acusão de excesso de velocidade.
Esta versão, no entanto, é rechaçada pela oposição e pela família de Payá, que afirmam ter mensagens de texto onde se adverte que o veículo no qual viajavam os dissidentes cubanos sofreu constantes choques por parte do outro automóvel (de Carromero) até ser lançado fora da estrada, o que causou a morte de Payá e Cepero no ato.
Por isso, o MCL solicitou à comunidade internacional uma investigação imparcial, alheia ao regime comunista, que esclareça este fato.
"Oswaldo e sua família sofreram durante mais de vinte anos inumeráveis atentados e ameaças, portanto sempre vamos desconfiar do que o regime possa dizer", expressou anteriormente o porta-voz do Movimento Cristão Libertação (MCL), fundado por Oswaldo Payá e agora dirigido por Ofélia Acevedo, viúva deste ativista católico cubano.