Vaticano, 15 de nov de 2012 às 13:58
O Papa Bento XVI explicou na manhã desta quinta-feira, 15, que a pobreza espiritual de muitos, que já não consideram a falta de Deus como uma carência, constitui um desafio para todos os cristãos.
Assim o indicou o Santo Padre em seu discurso aos membros e consultores do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos com motivo de sua assembléia plenária dedicada ao tema "A importância do ecumenismo na nova evangelização".
O Papa assinalou que não se pode percorrer um verdadeiro caminho ecumênico "ignorando a crise de fé que atravessam diversas regiões do planeta, entre as quais, aquelas que foram as primeiras em acolher o anúncio do Evangelho e onde a vida cristã floresceu ao longo dos séculos. Por outra parte, não podemos ignorar os numerosos sinais que testemunham a permanência de uma necessidade de espiritualidade que se manifesta de formas diversas".
"A pobreza espiritual de muitos contemporâneos nossos, que já não percebem como uma carência a ausência de Deus em sua vida, representa um desafio para todos os cristãos".
Nesse contexto, "a nós, que cremos em Cristo, nos é pedido que retornemos ao essencial, ao coração de nossa fé, para dar juntos ao mundo um testemunho do Deus vivo".
Bento XVI indicou que "não temos que esquecer o que nos une, quer dizer, a fé em Deus, Pai e Criador, que se revelou no Filho, Jesus Cristo, difundindo o Espírito que vivifica e santifica. Esta é a fé do Batismo que recebemos e é a fé que, na esperança e na caridade, podemos professar juntos".
"À luz da prioridade da fé se entende, também, a importância dos diálogos teológicos e das conversações com as Igrejas e as Comunidades eclesiásticas em que a Igreja Católica está comprometida. Inclusive quando não se avista, em um futuro imediato, a possibilidade do reestabelecimento da comunhão plena, uns e outras, brindam a oportunidade de apreciar, ao lado de resistências e obstáculos, riquezas de experiência, de vida espiritual e de reflexões teológicas, que estimulam um testemunho cada vez mais profundo".
A meta do ecumenismo, sublinhou, é "a unidade visível entre os cristãos separados". A essa tarefa "temos que dedicar todas nossas forças, mas, do mesmo modo, devemos reconhecer que, em última análise, a unidade é um dom de Deus; pode vir somente do Pai mediante o Filho, porque a Igreja é sua Igreja. Com essa perspectiva, é importante invocar do Senhor a unidade visível, mas será possível ter em conta que a busca dessa meta é relevante para a nova evangelização".
"O fato de caminhar juntos para esse objetivo é uma realidade positiva, a condição, entretanto, de que as Igrejas e Comunidades não se detenham no meio do caminho, aceitando as diversidades contraditórias como algo normal ou como o melhor que se pode conseguir. A força presente e ativa de Deus no mundo se fará evidente na plena comunhão na fé, nos sacramentos e no ministério".
O Papa ressaltou ademais que "a unidade é, por uma parte, fruto da fé, e, por outra, um meio e quase um requisito para anunciar,de forma cada vez mais acreditável, a fé aos que ainda não conhecem salvador ou que, tendo recebido o anúncio do Evangelho, quase se esqueceram deste dom precioso".
"O verdadeiro ecumenismo –concluiu– reconhecendo o primado da ação divina requer, acima de tudo, paciência, humildade, abandono à vontade do Senhor. Ao final, tanto o ecumenismo como a nova evangelização, requerem o dinamismo da conversão, entendido como vontade sincera de seguir a Cristo e de aderir plenamente à vontade do Pai".