Lima, 21 de nov de 2012 às 11:04
O grupo feminista e abortista "Católicas pelo Direito de Decidir (CDD)", que estão em total desacordo com a doutrina católica sobre o aborto e o matrimônio homossexual, defendeu os terroristas do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA) no Peru e qualificou de "massacre" a morte de seus integrantes na operação militar Chavín de Huántar, que permitiu o resgate de 71 reféns da residência do Embaixador do Japão no Peru em 1997.
O MRTA, um grupo que começou suas ações terroristas no Peru em meados da década de 80, especializado no seqüestro de civis, tomou por assalto a residência do embaixador japonês Morihisha Aoki, em Lima, em 17 de dezembro de 1996, na ocasião da celebração dos 63 anos do Imperador Akihito.
Ao interior da residência do diplomático se encontrava importantes políticos peruanos, que os terroristas procuravam trocar por membros do MRTA que estavam na prisão.
Depois de liberar a maioria dos reféns pouco tempo após a toma da residência, 72 cativos permaneceram retidos, incluindo o próprio embaixador japonês, durante 125 dias.
No dia 22 de abril de 1997 finalmente o exército conseguiu ingressar na moradia e resgatar os reféns durante um enfrentamento armado, no meio do qual faleceu o refém e porta-voz da Corte Suprema Carlos Giusti Cunha, dois agentes militares e todos os 14 terroristas que participaram do sequestro.
Entretanto, para as Católicas pelo Direito de Decidir no Peru, onde promovem o aborto, a anticoncepção e o "matrimônio" homossexual e manipulam a doutrina da Igreja para sustentar suas ações, o resgate dos reféns, com a morte dos sequestradores durante o combate tratou-se de um "massacre" contra os terroristas.
As CDD responsabilizam o hoje Arcebispo de Lima e Primaz do Peru, Cardeal Juan Luis Cipriani, quem asseguram que "facilitou o massacre de membros do Movimento Revolucionário Túpac Amaru".
Em seu boletim "Notas de Oposição. Uma série inquiridora sobre os opositores dos direitos das mulheres e da saúde reprodutiva", ao qual teve acesso ACI Digital, publicado em 2009, as autoproclamadas Católicas atacam diferentes membros do Opus Dei na América Latina, afirmando que o Cardeal Cipriani ocasionou o "massacre" ao informar às autoridades que procuravam a liberação dos reféns "sobre eles (os terroristas do MRTA) por meios eletrônicos".
Já em maio de 1997, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo, o Cardeal Cipriani, então Arcebispo de Ayacucho no sul do país, desmentiu que ele tivesse ingressado microfones ou algum tipo de transmissor à residência do embaixador japonês dando a posição exata dos terroristas às forças armadas.
"Nego rotundamente ter introduzido microfones ou transmissores em minha cruz peitoral, ou nos violões, ou nos livros, ou aonde quer que tenham dito, assim como nego ter retirado planos, ou informação, ou sinal de qualquer espécia que pudesse ter sido parte de um projeto estratégico", assegurou.
"Eu chegava e entregava tudo a Néstor Cerpa (líder dos terroristas) e a Rojas (outro dos membros do MRTA). Eles me revisavam tudo, desde os jornal que eu levava diariamente até o cálice que ia usar na missa. Tudo", disse.
Para Católicas pelo Direito de Decidir, o Cardeal Cipriani "foi muito questionado pelo apoio ao regime (do ex-presidente) Fujimori, e o desdenho que expressou pelos direitos humanos".
Entretanto, em outubro de 2011, o prefeito provincial de Huamanga, capital do departamento de Ayacucho, Amílcar Huancahuari, condecorou o Arcebispo de Lima como "Filho Ilustre da muito Nobre Cidade de Huamanga", por seu importante trabalho social realizado durante seus 10 anos de presença na região, particularmente nos tempos nos quais açoitava a zona o grupo terrorista Sendero Luminoso.
O Arcebispo de Lima, com ocasião da publicação de seu livro "Dou Fé", em agosto deste ano, no qual relata sua experiência durante a toma dos reféns na residência do embaixador japonês, assegurou que "ficou em minha alma o dever, que cumpro, de rezar pelas pessoas que faleceram, por todos".