REDAÇÃO CENTRAL, 23 de nov de 2012 às 12:38
A família de Oswaldo Payá Sardiñas, fundador do Movimento Cristão Liberação (MCL), foi ao cemitério em Havana (Cuba) nesta quinta-feira, para orar pelo descanso do líder católico falecido faz quatro meses; entretanto, a visita teve que ser realizada sob a vigia de dois agentes colocados a poucos metros do túmulo.
"Os policiais agentes de Segurança do Estado pareciam dois centuriões perto da tumba do meu pai, Oswaldo Paya e estão lá até hoje", denunciou nesta quinta-feira Rosa María Payá em sua conta do Twitter.
Em diálogo com o grupo ACI, a jovem indicou que "era óbvio que não estavam aí por acaso e nem estavam fazendo a ronda normal (no cemitério). Eles começam a se aproximar quando veem que estamos chegando. Se não nos veem antes, às vezes chegamos e não há guardas e depois os vemos chegar. Ficam olhando para a gente, às vezes a dez ou vinte metros de distância. Quando tiramos fotos eles se afastam um pouquinho".
Este fato, denunciado no dia 22 de novembro, dia em que fez quatro meses da morte não esclarecida de Payá Sardiñas e do ativista Harold Cepero, repete-se cada vez que algum familiar ou amigo vai visitar a tumba do líder dissidente. Entretanto, Rosa María afirmou que apesar da perseguição, o Governo não conseguirá nada.
"Já aconteceu com a gente o pior que poderia ter acontecido. Não vão conseguir nada indo ao tumulo do meu pai. Agora mesmo o que estão fazendo não tem nenhum sentido além da intimidação. Já é um costume para nós. Além disso, não interrompe em nada o que nós estamos fazendo (orar pelo seu pai)", afirmou.
"É tão ilógico o que fazem (os agentes) que nos perguntamos: O que eles estão esperando? O que será que eles pensam que vai acontecer no cemitério", acrescentou. A jovem afirmou que "ainda que tenha dez ou dois ou trinta agentes vestidos de policiais, ou policiais funcionando como agentes aí, as pessoas que queiram vão ir ao cemitério".
Entretanto, recordou a repressão que nas últimas semanas o regime comunista realiza contra membros do MCL, jornalistas e ativistas opositores em toda a Cuba e não descartou que o Governo possa ter "um plano perverso em mente".
Oswaldo Payá, líder conhecido dentro e fora de Cuba por impulsionar o Projeto Varela, o Projeto Heredia e El Camino del Pueblo, para obter a transição pacífica à democracia, foi recordado também hoje com uma Missa celebrada na paróquia El Corazón de María, em Havana, onde assistiu a família e amigos.