BARCELONA, 30 de nov de 2012 às 10:51
Um estudo sobre a brecha digital entre adultos e adolescentes realizado durante três anos em colégios de Barcelona, Madrid, Zaragoza, Sevilha e Santiago de Compostela (Espanha) revelou que os jovens percebem o mundo virtual como se fosse uma extensão da realidade, enquanto os adultos usam a rede como um instrumento.
Assim o explicou em uma entrevista à agência Europa Press o sociólogo investigador principal do estudo e professor da Universitat Ramon Llull (URL), Jordi Busquet, quem indicou que para os adolescentes "são duas realidades paralelas que formam parte da própria vida".
O estudo, no qual se entrevistou 120 jovens de idade escolar – e 60 adultos –entre professores e pais de alunos–, foi liderado por investigadores da Faculdade de Comunicação Blanquerna da URL, em colaboração com a Universitat Oberta da Catalunya (UOC), a Universidade de Sevilha, a Universidade de Salamanca e a Universidade Juan Carlos I de Madrid.
Busquet apontou que os jovens integram as redes sociais à sua vida cotidiana, ao ponto que "não há tanta diferença" entre o que projetam no Facebook e como se comportam no seu dia a dia, o que se explica pelo fato de utilizar a rede para socializar, ou seja, para fazer amigos e brincadeiras entre eles.
De fato, o estudo, sob o título "O uso das TIC e a brecha digital entre adultos e adolescentes", também constata que muitos dos jovens são tão dependentes destas ferramentas ao ponto que estão "todo o dia disponíveis", acrescentou Busquet, embora a investigação não tenha se enfocado nos vícios.
Outra das conclusões é que, embora controlem muito sua relação com os desconhecidos e não costumam aceitar pessoas com as quais não têm amizades em comum, descuidam sua imagem porque "não são conscientes de que é um espaço público e não privado". Sua ingenuidade os leva muitas vezes até mesmo a publicar fotografias que podem afetar sua reputação e "no longo prazo podem ser comprometedoras" como, por exemplo, na hora de procurar trabalho.
A brecha digital
O estudo também "desmitifica" a brecha digital entre adultos e jovens, ao concluir que não é só a idade o que os pode afastar, mas outras variáveis que também influem no uso da rede como o grau de educação e o nível econômico.
Os autores detectaram duas possíveis reações por parte das famílias quando não dominam as novas tecnologias: ou "fraquejam na tarefa de ser pais" ou estabelecem proibições.
Busquet recomendou que o ótimo é que os adultos "acompanhem" os jovens, embora isso possa resultar difícil, posto que o medo e a proibição não ajudam os adolescentes, que podem perder a confiança nos pais e ocultar casos mais graves como o assédio, problema também detectado na pesquisa.
Entretanto, os investigadores também constataram que a atitude das famílias em relação a Internet é "muito mais positiva" que a dos colégios, que mantêm um posicionamento mais conservador e reticente.
Muitas escolas se modernizaram tecnologicamente mas não renovaram seus métodos pedagógicos e, além disso "dão as costas para as redes sociais", o que diminui a autoridade dos docentes porque os alunos se mostram muito críticos com os professores que não dominam as novas tecnologias.