CARACAS, 8 de jan de 2013 às 03:00
O Presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Diego Padrón, chamou as autoridades a respeitar a Constituição e não manipulá-la com o fim de manter o poder, devido à incerteza sobre se o presidente Hugo Chávez poderá juramentar a um novo período de Governo no próximo dia 10 de janeiro.
"O panorama político e social, pela mesma incerteza derivada da enfermidade presidencial, permanece escuro. Escutam-se diversas interpretações sobre a norma constitucional que regula a toma de posse do Presidente para um novo período de governo", expressou hoje, 7 de janeiro, Dom Padrón Sánchez durante a inauguração da 99º Assembleia Ordinária da CEV.
Recordou que no dia 10 de janeiro expira o atual mandato presidencial e se inicia outro para o qual Chávez foi reeleito. "Não faria nenhum sentido as eleições do dia 7 de outubro, se não tivesse estado em função de um período diferente de governo, similar ao novo período do atual Presidente da Assembleia Nacional".
Dom Padrón disse que embora não seja o propósito dos bispos interpretar a Constituição, "está em jogo o bem comum do país e a defesa da ética. Alterar a Constituição para alcançar um objetivo político é moralmente inaceitável".
"Se se prescindir da Constituição, prescinde-se também da instituição e cai na luta por cotas de poder, na violência e na anarquia e ingovernabilidade", acrescentou o Presidente da CEV.
Por isso, indicou que os bispos rejeitam "toda possível tentativa de manipulação da Constituição em favor de interesses de uma parcialidade política e em detrimento da democracia e da unidade do país".
Do mesmo modo, o também Arcebispo de Cumaná transmitiu a incerteza e chateação que existe na população ante as informações não claras que dá o Governo sobre a saúde do Presidente.
Dom Padrón destacou os sentimentos de solidariedade para com Hugo Chávez inclusive de seus rivais políticos. "Foi muito bonito ver como os partidários e os adversários do presidente coincidiram em apresentar orações e oferendas a Deus por sua pronta recuperação e volta, como o que mais convém ao país. Assumir a atitude contrária seria não somente uma conduta anticristã, mas também, inclusive, desumana e antivenezuelana", afirmou.
O Presidente da CEV também advertiu que continuam pendentes problemas como a violência, a crise econômica e o pedido de liberdade para a Juíza María de Lourdes Afiuni, os Delegados e outros.
"Se no momento não se pode ter uma Lei de Anistia, que haja pelo menos um gesto humanitário em comemoração à sensibilidade do Presidente, que está gravemente doente. As atuais autoridades nacionais poderiam unir à oração do povo a oferenda-homenagem da liberação dos privados de liberdade e exilados, sem nos esquecer dos milhares de venezuelanos privados de liberdade, sem o devido processo", assinalou.
Finalmente, o Arcebispo chamou os venezuelanos a ter o coração voltado para Deus e fomentar o diálogo para superar os interesses particulares e obter a unidade do país. "Estejamos seguros de que sairemos bem, livres da controversa junta nacional, se nos reconhecemos mutuamente, valorizamos nossas capacidades e contamos com a indefectível ajuda de Deus", afirmou.