MADRI, 16 de mar de 2005 às 18:14
O Arcebispo de Madrid, Cardeal Antonio María Rouco Varela, declarou que a recente substituição dos cargos é "um capítulo mais da história" da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) que não deve ser interpretado com uma "leitura política".
Durante sua participação no Foro Europa, organizado por Nova Economia e Europa Press, o Cardeal descartou qualquer tipo de interpretação que assinala rivalidades ou censuras por parte de alguns bispos pois "temos todos uma relação excelente de fraternidade”.
Do mesmo modo, o Arcebispo destacou que o suposto novo aspecto na presidência da CEE "reduz-se à forma de levar a Assembléia Plenária" e não significa uma mudança no órgão episcopal pois "não afeta a Igreja Católica nem a sua doutrina". "O presidente tem uma tarefa única nada mais. Uns o fazem com certo estilo e outros com outro diferente", explicou.
Sobre a liberdade religiosa, o Cardeal Rouco qualificou de “evidente” a perseguição que sofre a Igreja por parte de “posições de todo tipo e atuações em todos os âmbitos da vida social onde se vive esse laicismo que quer recortar a liberdade da Igreja".
Em seu discurso sobre “Igreja, Sociedade e Política”, o Cardeal defendeu a presença da Igreja em âmbitos sociais como o campo jurídico ou a educação e destacou os âmbitos nos que a Igreja serve à sociedade: a salvaguarda da pessoa humana, o ensino e a formação das consciências a partir dos princípios cristãos, a ação social e a contribuição cultural.
“O Estado não é fonte de ética”
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Sobre o ensino da religião na escola pública, o Cardeal Rouco considerou que "não é propriedade do estado e vai muito unido ao direito das pessoas, da sociedade e de quem quer intervir nesse processo". Além disso, advertiu que "o Estado não é fonte da ética, mas sim vive da ética que surge das fontes da sociedade". "Terá que colocar o fundamento ético do Estado mais à frente do poder", acrescentou.
Em relação à imigração, o Arcebispo destacou que a Igreja coopera com as autoridades na atenção das necessidades básicas dos imigrantes, assim como no processo de regularização. Entretanto, assinalou a necessidade de controlar os fluxos migratórios para que não se produza um "desequilíbrio demográfico" que provoque, por exemplo, um recorte nas prestações da Segurança Social.
Ao ser perguntado pela questão do financiamento, o Arcebispo recalcou que "a Igreja não goza de um fundo estatal", mas de uma "ajuda técnica" na hora de administrar as contribuições que realizam os cidadãos através do imposto da renda.
Contou-se com a presença institucional do prefeito de Madrid, Alberto Ruiz Gallardón, o Defensor do Povo, Enrique Múgica, o presidente do Conselho Geral do Poder Judicial, Francisco José Hernando, o presidente da Audiência Nacional, Carlos Dívar, o Chefe do Estado Major da Armada, Sebastián Zaragoza e o Defensor do Menor de Madrid, Pedro Núñez Morgades.
Em sua intervenção no Foro Europa, o Cardeal Rouco foi acompanhado por seus bispos auxiliares e o núncio da Santa Sé na Espanha, Dom. Manuel Monteiro.