ROMA, 1 de fev de 2013 às 11:38
O Pontifício Conselho para a Cultura começará sua assembleia plenária anual com um concerto oferecido pela banda de rock italiana The Sun, que oferece mensagens cristãs desde a conversão do seu vocalista se ao catolicismo.
The Sun foi formada em 1997 e obteve êxito internacional. Eles tocaram em numerosas partes do mundo, desde Terra Santa até o Japão. Entretanto, foi a partir de 2008 que adquiriram um caráter cristão depois que seu líder, Francesco Lorenzi –vocalista e guitarrista do grupo–, converteu-se ao catolicismo.
A banda está integrada por Gianluca Menegozzo (guitarram), Matteo Reghelin (baixo) e Riccardo Rossi (bateria). Seu último álbum, publicado em 2012 se chama "Luce", "Luz" em portugêus, e no passado abriram concertos de bandas como The Cure, The Offspring, Muse, OK Go, NOFX, Ska-P, Pennywise e Deep Purple.
Em uma entrevista concedida ao grupo ACI no dia 31 de janeiro, Lorenzi explicou que foi duro chegar aonde estão e defender ao mesmo tempo suas crenças. Sua anterior produtora de discos, a Rude Records, deu-lhes as costas devida ao conteúdo de suas letras, as quais consideraram "muito religiosas".
"Perdemos nosso contrato com a produtora discográfica, mas nós acreditávamos muito em nossas canções, e com a oração conseguimos fazer um contrato com a Sony. O diretor artístico da Sony, Roberto Rossi, compreendeu que contribuíamos algo novo a este mundo", assinala Lorenzi.
O vocalista também assinala que é um grande desafio tocar para o Vaticano e uma oportunidade para expressar com maior sinceridade sua identidade. Eles tocaram em Milão para o Papa Bento XVI e na Terra Santa para os custódios do Santo Sepulcro de Jerusalém.
O líder da banda foi quem arrastou o grupo para a religião católica, de maneira que seus integrants também puderam superar-se a si mesmos e abraçaram a fé.
Lorenzi conta que ao terminar o tour de 2007, sentiu dentro de si grandes pergunta que não encontravam resposta. Tinha alcançado o êxito profissionalmente mas "por dentro me sentia esvazio. Me fazia perguntas como: Quem sou? para que existo? E encontrei todas as respostas no Evangelho", expressou o artista ao grupo ACI.
Suas canções falam da justiça social, da vida depois da vida terrena, do amor de Deus, da sexualidade vivida no verdadeiro amor, da busca da felicidade, e da força de ser diferentes ao que as massas juvenis impõem, de "não ter medo", resume.
Em referência à sua conversão, Lorenzi explicou que um dia sua mãe lhe propôs fazer um curso na paróquia de seu bairro. "Não tinha pisado em uma igreja desde os 10 anos de idade –recorda-, e pensava que seria um ambiente totalmente distinto do que encontrei. Encontrei-me com jovens singelos que se amavam de verdade entre eles, e isso me assombrou. Vinha de um mundo onde se fala de liberdade e de amor, mas não é verdade, ali isto não existe".
Lorenzi começou a ler o Evangelho e começou a mudar de atitude, de amizades, e ajudou seus companheiros de banda a conhecerem Deus.
"Todos tínhamos problemas, de alcoolismo, de sexo… e agora mudamos. Minha vida mudou e encontrei realmente a felicidade". Agora, "tudo o que estamos vivendo demonstra que começa a haver uma abertura diferente da do passado por parte do público".
Em 6 de fevereiro The Sun dará seu concerto na nova Aula Magna da universidade Maria Santa Asunta de Roma (LUMSA), às 17h para dar início à plenária do dicasterio para a Cultura do Vaticano, que se celebra entre os dias 6 e 9 de fevereiro.
Diferenciando o ‘rock satânico’ do que é simplesmente ‘rock’
Por sua parte o Cardeal Ravasi, quem dirige dicasterio romano, explicou em uma entrevista concedida ao grupo ACI neste 31 de janeiro que o rock não está brigado com o mundo católico, entretanto, deve-se diferenciar entre ‘rock satânico’ e simplesmente ‘rock’.
"No passado se falou de rock satânico como se fosse a expressão de uma degeneração, e isto é verdade. Se pensarmos na cultura grega, por exemplo, introduziu-se o mito dionisíaco, que era a forma de degeneração da mente que vinha justamente através da música, que vinha através de uma forma sonora que era desesperada, exagerada e fazia enlouquecer".
Assim, explicou, "é certo que este problema existe, mas também por outra parte, o rock em seu interior tem sua própria gramática musical, sua maneira de expressar-se, e provavelmente em sintonia com o agitar-se, o mover-se, o perguntar-se, o atormentar-se, e também a repercussão própria do jovem".
"Mas dizem que dentro das grandes discotecas, essa repetição binária do som, esse ‘boom’ que vem repetido duas vezes, é o batimento do coração cardíaco que vem quase recreado e que o jovem sente como lugar de repouso para sua consciência e seu ser", concluiu.