VATICANO, 7 de fev de 2013 às 15:14
O Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vicenzo Paglia, disse que está "surpreendido" pela manipulação que alguns meios de comunicação fizeram de algumas de suas declarações feitas recentemente, apresentando-as como uma suposta "abertura" da Igreja às uniões homossexuais e recordou que o matrimônio é a união entre um homem e uma mulher para formar uma família.
A Rádio Vaticano perguntou ontem ao Prelado sobre suas palavras em uma conferência de imprensa feita no dia 4 de fevereiro na qual falou, assinala a emissora, sobre "direitos individuais, em particular em relação aos assuntos patrimoniais. Mas alguns meios disseram que você (Dom Paglia) teria falado sobre o reconhecimento dos direitos dos casais homossexuais. Mas estas afirmações não estão nos seus textos".
Dom Paglia disse a respeito que "obviamente me surpreendi pelo que alguns meios reportaram. Não só não compreenderam minhas palavras –como tampouco entenderam o afeto com o qual foram ditas– mas na verdade, e talvez com consciência, foram ‘descarriladas’".
"Permitam-me esta imagem ferroviária: descarrilaram-se do seu trilho. E tenho certeza de que, quando o trem se descarrila, não encontra a estação, corre o risco de encontrar o precipício. Outra coisa é verificar se nos ordenamentos existentes se podem obter as leis que tutelem os direitos individuais. Isto é muito diferente à aprovação de certas perspectivas".
O Prelado respondeu assim às interpretações de alguns meios que depois da conferência de imprensa informaram sobre o suposto "apoio" do Vaticano às uniões homossexuais.
Em L’Osservatore Romano em espanhol de 5 de fevereiro se lê que Dom Paglia, falando sobre a maciça manifestação a favor do matrimônio na França, assinalou que "é decisivo pensar bem antes de tomar decisões que podem ter trágicas consequências. Não se pode ter a pretensão de mudar a cultura mesma com uma lei que não consegue unanimidade".
Nesta linha propôs enfrentar "as questões das uniões entre pessoas do mesmo sexo no âmbito do direito privado, garantindo assim também as questões patrimoniais". Obviamente, disse, "precisa-se evitar toda discriminação. Todos os filhos de Deus têm igual dignidade e são intocáveis".
O Arcebispo destacou nessa ocasião que "não é possível pensar que o matrimônio esteja justificado por outros afetos que não correspondem à relação entre homem e mulher, que supõe a geração dos filhos. Precisamente o respeito pela verdade põe em guarda ante um igualitarismo doentio que suprime toda diferença".
Nas declarações de hoje à Rádio Vaticano, Dom Paglia também se solidarizou com os Bispos da Inglaterra e Gales, logo depois de que a Câmara dos Comuns aprovasse as uniões de pessoas do mesmo sexo.
O Arcebispo recordou que "a doutrina da Igreja sobre isto é muito clara. Para falar a verdade, é clara também uma tradição jurídica de vários milênios, que atravessa, além disso, todas as culturas: o matrimônio é entre um homem e uma mulher para fundar uma família".
"Essa é a razão pela qual acho que desviar-se desta afirmação significa empreender caminhos que realmente não se sabe para onde vão ou, melhor dizendo, sabemos que levam não à estabilidade, mas sim à instabilidade e à desordem da sociedade humana".
Dom Paglia rechaçou qualquer discriminação contra os homossexuais, que também são filhos de Deus, e recordou que em 1986, o então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje o Papa Bento XVI, disse que "é deplorável que as pessoas homossexuais tenham sido ou sejam agora objeto de expressões malévolas ou de ações violentas".
"Acho que não se pode dizer nada mais claro que isso. Auguro verdadeiramente que aquele tesouro precioso, o patrimônio da humanidade que é a família, possa ser defendido, sustentado e ajudado sem distorcer seu significado", concluiu o Arcebispo.