ROMA, 22 de fev de 2013 às 17:15
Médicos e pessoas envolvidas no trabalho pró-vida dizem que a decisão dos bispos alemães de permitir o uso de pílulas do dia seguinte para vítimas de estupro levanta grandes preocupações posto que o medicamento em questão pode causar um aborto químico.
"Há um precedente verdadeiramente perigoso que poderia ser definido novamente porque a notícia se espalha tão rapidamente", disse Vicky Thorn, fundadora do Projeto Raquel, neste 22 de fevereiro em entrevista à agência do grupo ACI em inglês, CNA (Catholic News Agency).
"Há perigo real na Europa, no Canadá, nos EUA, América Latina e África, que em cinco anos as mulheres fiquem na dúvida perguntando-se se é que perderam ou não a única criança que poderiam ter tido", acrescentou a também membro da Pontifícia Academia para a Vida que celebra sua assembleia geral anual no Vaticano.
No dia 21 os bispos alemães decidiram permitir que os hospitais católicos venham a usar a pílula do dia seguinte ou outros anticonceptivos nos casos de estupro, desde que o medicamento atue como um anticonceptivo e não um abortivo.
A decisão veio depois que uma mulher de 25 anos, afirmou ter sido estuprada e foi-lhe recusado tratamento em dois hospitais católicos de Colônia.
O Arcebispo de Colonia, Cardeal Joachim Meisner, emitiu um pedido público de desculpas no dia 22 de janeiro, dizendo que era vergonhoso para um hospital católico recusar tratamento a uma vítima de estupro.
Os bispos alemães já estavam planejando reunir-se em grupo para tratar alguns temas, de modo que este foi acrescentado à já agendada reunião de quatro dias em Trier, na Alemanha na qual, unanimemente, decidiram permitir a pílula do dia seguinte, em casos de estupro, desde que este seja administrado de tal forma que "tenha um efeito preventivo e não abortivo".
"Métodos médicos e farmacêuticos que resultam na morte de um embrião, seguem proibidos," diz uma instrução dos bispos de 22 de fevereiro .
Como parte da discussão, o cardeal Karl Lehmann, presidente da Comissão para a Doutrina e Fé da Conferência Episcopal Alemã, ilustrou a avaliação moral e teológica de usar a pílula do dia seguinte", com base em descobertas científicas sobre a disponibilidade de novo compostos com efeito modificado”.
No entanto, alguns profissionais médicos questionam a afirmação de que a pílula do dia seguinte pode funcionar apenas como um contraceptivo.
"Não há absolutamente nenhuma pílula deste gênero com 100 por cento de garantia de não causar um aborto", disse Catherine Vierling, uma médica ativa no movimento pró-vida.
O Doutor Simon Castellvi, presidente da Federação Mundial de Associações Médicas Católicas, disse ao grupo ACI no último 07 de fevereiro que a pílula atua como um fármaco de anti-implantação em “70 por cento dos casos em que a mulher está fértil".
Vicky Thorn também afirma que não há pílula do dia seguinte, que não venha a afetar a implantação.
"Eu não acredito que exista uma assim, porque todas as pesquisas que tenho feito sobre o assunto mostra que a peça faltante é saber quando a ovulação aconteceu", comentou.
"Eu tenho sérias preocupações sobre esta questão na Alemanha, e eu sou muito cética a respeito porque há muito que não sabemos", acrescentou.
Thorn observou que o corpo humano "é tão complexo, com tantos outros fatores, que eu acho que estamos em uma posição muito perigosa quando assumimos que possuímos esses conhecimentos."
Por sua parte, o Doutor John Haas, um bioeticista no National Catholic Bioethics Center e membro permanente da Academia Pontifícia para a Vida, não fez comentários sobre as ações químicas da pílula, mas explicou uma forma que seu uso poderia ser usado de forma ética.
Ele explicou que é possível saber se a pílula do dia seguinte causará um aborto químico precoce determinando se uma mulher está ovulando ou não.
"Há duas maneiras que a ovulação pode ser determinada; três maneiras na verdade...”. "Você pode tomar o registro médico do seu ciclo e determinar quando ela poderia estar dentro dele. Mas há mais testes científicos precisos que podem ser feitos, usando seu sangue ou urina. Isso permitirá que aos médicos constatem se determinados hormônios estão ou não presentes nas mostras de sangue ou na urina, e indicará se a mulher ovulou", completou Dr. Haas.