Após a aprovação por parte dos bispos alemães do uso da pílula do dia seguinte em hospitais católicos no caso de estupro, peritos de várias partes do mundo advertiram para o alto potencial abortivo do fármaco. No Brasil, a Dra. Renata Gusson Martins, Farmacêutica-Bioquímica, especialista em Biologia Molecular explica que diante da dificuldade de saber o exato momento da ovulação o uso da pílula é como uma “roleta russa”, nem os médicos, nem as mulheres podem ter certeza absoluta que esta não atuou como um abortivo.

“O levonorgestrel, princípio ativo da “pílula do dia seguinte”, é uma progesterona sintética. Por ser um hormônio, seu mecanismo de ação é complexo e interfere em diversas funções fisiológicas. No sistema reprodutor, pode impedir a ovulação, provocar o espessamento do muco cervical, inviabilizando a movimentação dos espermatozoides e, finalmente, provocar o atrofiamento do endométrio”, explicou a Dra. Renata, que também atua no movimento pró-vida no Brasil.

Segundo perita brasileira, que também possui mestrado em Ciências pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, “os fabricantes da “pílula” afirmam que ela garante uma contracepção se tomada até 72 horas após a relação sexual. Entretanto, ao lermos as bulas de tais medicamentos, nos deparamos com uma insistente afirmação de que eles não são abortivos. Além disso, diversos artigos científicos reforçam que “não se tem evidências de que o levonorgestrel atue no endométrio”. Diante dessa afirmação, foi-se criando um consenso de que a “pílula do dia seguinte” teria somente um efeito contraceptivo, mas não abortivo”.

“Porém, contrariando essa posição, podemos questionar: se uma mulher mantiver relação sexual no dia de sua ovulação, a fecundação pode ocorrer poucos minutos após a relação. Ademais, os fabricantes garantem, como vimos, que a “pílula” impede a gravidez se tomada até 72 horas após o coito. Portanto, como afirmar que os efeitos do levonorgestrel são apenas contraceptivos se a gravidez já ocorreu? Diante de um embrião humano formado, a única maneira de impedir a continuação da gravidez é o aborto. Portanto, seguindo esta lógica, podemos afirmar que a “pílula” é sim abortiva”, asseverou.

“Temos aqui um problema bastante sério: o medicamento que pode impedir a ovulação é o mesmo que pode impedir a implantação. O efeito contraceptivo e abortivo estão igualmente presentes. Se ela for tomada antes da fecundação, atuará como contraceptivo. Se for tomada depois, atuará como abortivo.  Na prática, contudo, é improvável saber se já ocorreu ou não a fecundação”,

“A questão que surge é muito relevante: o uso da “pílula do dia seguinte” é moralmente correto?” Segundo a Dra. Gusson a resposta é “não”. 

“Dizer o contrário seria o mesmo que afirmar que não há problema nenhum em brincar de roleta-russa”, concluiu.

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