BUENOS AIRES, 4 de mar de 2013 às 09:40
O Arcebispo de La Prata (Argentina), Dom Héctor Aguer, criticou que muitos meios de comunicação seculares e supostos peritos em assuntos religiosos tentam influenciar os Cardeais eleitores, e inclusive "já escrevem a agenda" do próximo Papa, mas assegurou que quem "deseja influenciar desde fora não conseguirá nada".
Durante o programa televisivo "Chaves para um mundo melhor", Dom Aguer assinalou que "os que desejam influenciar desde fora não conseguirão nada, porque na Capela Sixtina outras coisas estão em jogo e intervêm outros fatores".
O Conclave, indicou, "é um momento espiritual e os eleitores têm em conta outros parâmetros, que vão mais além das especulações políticas que fazem os peritos em questões religiosas que, atrevo-me a assinalar, às vezes entendem bastante pouco do tema porque não percebem a realidade misteriosa da Igreja".
Dom Aguer sublinhou que a Igreja "quer tutelar sempre a liberdade dos Cardeais mediante o segredo em suas deliberações para que os critérios utilizados na eleição sejam o mais objetivo possível".
"Nesse exercício de opinião e de liberdade dos Padres Cardeais também se manifesta a intenção de Deus e a guia com a qual o Espírito Santo conduz à Igreja através das vicissitudes da história", afirmou.
O Prelado indicou que "a secular regulação dos conclaves, periodicamente ajustada, tende precisamente a proteger a liberdade dos eleitores e sua abertura ao discernimento da vontade de Deus".
O Prelado recordou que séculos atrás, particularmente na época do Renascimento e nos séculos XVI e XVII, "nos Conclaves para eleição do Sumo Pontífice se exerciam pressões e influências tremendas, especialmente por parte das potências de então".
"Os embaixadores dos Príncipes, como os chamava, tentavam introduzir-se mediante mensagens e mensageiros nas deliberações, com risco de violar o segredo no Conclave para satisfazer os propósitos também de seus mandantes", indicou.
Dom Aguer advertiu que "esse problema se apresentou muitas vezes na história da Igreja e de uma maneira, muito distinta, mas também efetiva, faz-se notar hoje".
O Arcebispo de La Prata recordou que no último dia 23 de fevereiro, a Secretaria de Estado da Santa Sé criticou as tentativas de ingerências na liberdade dos Cardeais para escolher o próximo Papa.
Dom Aguer assinalou que estas tentativas de influir no Conclave se notaram "nos comentários dos peritos em questões religiosas, nos dados que transmitem os correspondentes a suas agências ou a seus jornais".
"Também se nota o mesmo afã nas expressões que circulam nas redes sociais, nas quais se difunde uma espécie de charlatanice doentia", denunciou.
O Prelado assinalou que "todo mundo se expressa e muitas vezes o faz opinando sobre pessoas ou situações com uma ligeireza, com uma irresponsabilidade surpreendente".
"Parece que queriam influir de algum modo na eleição do Papa. E ao próximo já lhe escreve a agenda", disse.
Dom. Aguer subraó que não se pode entender "a natureza e a missão da Igreja fora da fé".
"Também ao Conclave terá que olhá-lo com os olhos da fé", remarcou.
Aos católicos "toca rezar, porque essa eleição não é como uma eleição política qualquer", indicou, pois "se faz em um clima de profunda oração e começa com uma invocação ao Espírito Santo".
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"É uma hora importante para a vida da Igreja mas também cheia de confiança", assegurou, "em que é o Senhor o Pastor Supremo da Igreja e que é o Espírito Santo quem a guia".