MADRI, 4 de mar de 2013 às 09:42
O Arcebispo do Toledo e presidente da Comissão Episcopal de Missões e Cooperação entre as Igrejas da Conferência Episcopal Espanhola, Dom Braulio Rodríguez Plaza, indicou que o novo Papa, sendo ele latino-americano ou não, terá que ficar ao dia dos problemas, desafios e necessidades do continente, onde vive a metade dos católicos do mundo.
"O próximo Papa? Deixemos para saber a quem os Cardeais vão eleger no próximo conclave. Se, por exemplo, for latino-americano, conheceria muitos desses problemas. Se for de outro continente, ficará sabendo o que acontece e o que se necessita", explicou em uma entrevista concedida a Europa Press com motivo da celebração do Dia da América Hispana este domingo.
Além disso, destacou a conexão do Papa emérito Bento XVI tanto com a América do Norte como com a América central e do Sul, por onde viajou em várias ocasiões e chegou seu magistério "genial, claro e capaz de desentranhar o mistério de Jesus Cristo e sua Igreja".
"Vi a mesma intensidade em seu trabalho para com esse continente como no trabalho dos anteriores Papas, em apenas oito anos de ministério", acrescentou, também precisou que, durante seu Pontificado, recebeu aos bispos hispano-americanos em 'visita ad limina'.
Indicou também que tampouco temos que desdenhar quanto o cardeal Joseph Ratzinger fez à frente da Congregação para a Doutrina da Fé. "Para mim, foi muito importante e esclarecedor", remarcou.
Para Dom Rodríguez Plaza, a Igreja espanhola e europeia tem "muito que aprender" dos católicos da América, que, segundo ele, podem ser um exemplo de "entusiasmo" na vivência da fé. "Estamos muito felizes com que a metade dos católicos do mundo esteja na América. Sem dúvida necessitamos da ajuda deles", precisou.
O Arcebispo de Toledo assegurou que a evangelização é "urgente" em todos os continentes, porque sem ela "a Igreja se desvirtua" e explicou que, se existe essa história de evangelização mais orientada para a Hispano-América, é por razões históricas, por proximidade linguística e cultural.
Quanto ao aumento do número de sacerdotes latino-americanos nas Igrejas espanholas, Dom Rodríguez Plaza explicou que se deve a que em alguns países da América Latina têm mais vocações e a que agora também se somam os filhos dos imigrantes que chegaram faz uns anos a Espanha, mas assinalou que não se dá o fenômeno contrário, já que o número de sacerdotes espanhóis que vão à América não é tão grande como nos anos 60, 70 e 80.
Entre os desafios que, a seu julgamento, deve enfrentar a Igreja na América Latina se encontra a necessidade de conseguir uma boa formação sacerdotal nos seminários e evangelizar "mais em profundidade, para que a espontaneidade da fé católica e a gratuidade com que a vivem ali chegue ao coração do latino-americano".
Do mesmo modo, apontou que são necessárias comunidades católicas que saibam viver sua fé hoje com estes desafios. "A América Espanhola é uma realidade muito grande e tem muitos matizes. Ali, como em tantos lugares, o amor, a proximidade, a capacidade de animar a viver o Evangelho é fundamental", sublinhou.
O Dia da América Hispana se celebra no primeiro domingo do mês de março desde 1959, ano em que se fundou a Obra de Cooperação Sacerdotal Hispano-americana (OCSHA ) e busca elogiar o trabalho dos milhares de sacerdotes diocesanos que desde 1949 trabalharam e ainda trabalham nas dioceses da América Latina.