VATICANO, 5 de mar de 2013 às 21:00
O Cardeal Camerlengo da Igreja Católica, o italiano Tarcisio Bertone, afirmou que "há elementos que são indispensáveis" para o próximo Papa, entre eles ter o vigor, do qual falou Bento XVI, para dirigir a Igreja.
Em declarações ao jornal espanhol La Razón, o Cardeal Bertone assinalou que os purpurados reunem-se nestes dias, prévios ao Conclave, para estudar "qual é o perfil de Romano Pontífice que Deus quer para a atual situação do mundo e da Igreja".
"Há elementos que são indispensáveis: que seja um homem espiritual, para que seja um instrumento dócil nas mãos de Deus, como vigário de Cristo na Terra; e que tenha o vigor e o impulso do qual falou Bento XVI, para levar com mão firme o leme da Igreja", disse.
Ao ser consultado sobre como será recordado o agora Bispo emérito de Roma Bento XVI, o Camarlengo, encarregado de administrar os bens temporais da Santa Sé durante o período vacante, assegurou que "há muitos motivos para recordar Bento XVI: suas encíclicas, seus livros sobre Jesus de Nazaré, seu magistério, suas viagens, sua atenção a temas cruciais na vida da Igreja, como a liturgia, a unidade dos cristãos, sua capacidade de diálogo com outras religiões".
O Cardeal Bertone indicou que também são "memoráveis a claridade e a decisão das intervenções contra a pedofilia".
Embora assinale que Bento XVI será recordado por sua renúncia, sublinhou que com esta, o Bispo emérito de Roma "mostrou ao mundo o abandono servindo sempre a Deus".
Ao longo de toda sua vida, Bento XVI, não só como Papa, "pretendeu ser um servo mais na vinha do Senhor", disse o Cardeal.
O Ex-secretário de estado de Bento XVI expressou sua admiração por "sua inteligência preclara, sua piedade, sua retidão de consciência, sua firmeza nas decisões e ao mesmo tempo sua delicadeza no trato, como pude experimentar cotidianamente durante estes anos".
"Vivi a renúncia como toda a Igreja: com uma mistura de pesar, pelo carinho que todos lhe temos, e de grande confiança que sua decisão é o melhor para a Igreja", afirmou.
O Cardeal Bertone assinalou que ficou "muito comovido", quando o agora Bispo emérito de Roma Bento XVI falou, em seu último Ángelus, "de que o Senhor o chama à montanha".
"O Santo Padre fica conosco. Ele não abandona a Igreja, não desce da cruz, porque sua adesão à vontade de Deus é ‘para sempre’. Bento XVI ama a Igreja, e segue acompanhando-a em seu caminho", sublinhou.
O Camarlengo também destacou que entre os desafios mais importantes que enfrentará o novo Papa está, "em primeiro lugar, que todos os fiéis, pastores e laicos, em sintonia com os ensinos do Concílio Vaticano II, descubramos a riqueza de nossa fé e as implicações concretas que a mensagem cristã tem que ter em nossa vida pessoal, familiar, social, profissional".
"Outro desafio é que todas as instituições da Igreja sejam capazes de comunicar a mensagem cristã e de oferecer um motivo de esperança para todas as pessoas às quais servem", indicou.
Além disso, disse o Cardeal, o novo Papa terá o desafio de que "este nosso mundo seja um lugar mais humano, mais pacífico, mais acolhedor com todos, especialmente com os pobres".
Estes desafios, assinalou, "são constantes na vida da Igreja".
O Cardeal Bertone, que se desempenhou como Secretário de estado durante o pontificado de Bento XVI, assegurou que nesse trabalho viveu "momentos extraordinários".
"Alguns foram muito alegres, sobre tudo quando vemos a ação de Deus nas pessoas, e que o Senhor não se cansa dos defeitos dos homens, e segue oferecendo-nos sua ajuda para sermos felizes", assegurou.
Entretanto, o Cardeal reconheceu que existiram momentos "mais tristes", nos quais notou "que o mal no mundo é muito real, e espreita todos os filhos da Eva".
"Mas tenho que agradecer a Deus que sempre me manifestou como a Graça abunda, e que o pecado nunca é a última palavra, porque a Igreja é de Deus, e Deus jamais a abandona, como nos recordou o Papa Bento XVI", assegurou.
Além disso, destacou que ao ser um sacerdote salesiano, sua vocação e formação como filho de Dom Bosco o faz antepor a alegria e a esperança na experiência cristã.