SANTIAGO, 15 de abr de 2013 às 10:37
O Dr. Elard Koch, pesquisador em ciências biomédicas da Universidade do Chile e atual diretor do Instituto MELISA, advertiu que a legalização do aborto aumenta o problema de que milhares de mulheres sejam "obrigadas a abortar legalmente contra sua vontade".
Em um artigo publicado no site ChileB, o Dr. Koch assinalou que "embora a relação pareça independente do status legal do aborto, é um fato que milhares de mulheres são obrigadas a abortar legalmente contra sua vontade, fenômeno conhecido como ‘aborto por coerção’".
"A legalização do aborto aumenta o problema, principalmente devido a uma maior permissividade, facilidade de acesso e incremento essencial das taxas de incidência do aborto eletivo", explicou.
O Dr. Koch assinalou que "nas últimas décadas, vários estudos epidemiológicos indicam que uma proporção significativa de abortos induzidos legais –25% ou inclusive mais– ocorre por coerção do próprio companheiro ou um familiar sobre a mulher ou menina esperando um filho".
Indicou que de fato, entre os fatores de risco mais comuns para que as mulheres sejam forçadas a abortar, ocasionando problemas de saúde mental posteriores, "encontra-se a história de violência doméstica infligida pelo companheiro ou o antecedente de abuso durante a infância".
O cientista chileno indicou que algumas vezes "é a própria mãe, pai ou ambos os que forçam o aborto de uma filha grávida".
"A isto, acrescentam-se casos de abuso reiterado de adolescentes onde se recorre ao aborto legal em caso de gravidez", indicou.
Ao recordar uma reunião recente da Organização das Nações Unidas (ONU), em que delegados dos países membros debateram estratégias para a "eliminação e prevenção de todas as formas de violência contra as mulheres e as meninas", o cientista chileno destacou que "o aborto é outra forma de violência contra a mulher".
"Quando se considera tirar a vida de um filho ou filha em gestação, seja envenenando-o quimicamente ou desmembrando-o cirurgicamente, legal ou não, é lógico concluir que o aborto é por si mesmo um ato violento", disse.
O diretor do Instituto MELISA apontou que estudos realizados na Finlândia "confirmam que o aborto aumenta em dobro o risco de suicídio em mulheres em idade reprodutiva, enquanto a gravidez levada a término o reduz".
Outro estudo recente, realizado em Chicago (Estados Unidos), "mostrou que o aborto aumenta o risco de problemas de casal, incluindo violência doméstica, consumo de drogas e divórcio. Ao mesmo tempo, existe uma forte correlação entre as taxas de aborto e homicídios de mulheres".
O Dr. Koch se referiu também ao caso da China, onde "milhares de mulheres são obrigadas a abortar devido às políticas do filho único. O aborto sexo-seletivo de milhares de meninas é uma crua realidade de discriminação contra a mulher na China que se reproduz culturalmente também na Índia".
No contexto da América Latina, assinalou, "a história de aborto induzido se associa significativamente à ideação suicida em mulheres brasileiras. No México, a violência física contra a mulher grávida aumentou de 5,3% para 9,4".
"Os estudos se multiplicam e estes são só alguns exemplos", disse.
O pesquisador chileno recordou que o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na recente reunião sobre violência contra a mulher que esta "nunca é aceitável, nunca é desculpável, nunca é passível".
Para Koch, "se estas não forem somente palavras de boa criação, a alarmante expansão do aborto legal como forma de violência contra a mulher, não deveria passar inadvertida para nenhuma nação respeitosa dos direitos humanos fundamentais".
"Omitir sua discussão, não é mais que favorecer uma agenda hipócrita: discutamos toda violência contra as mulheres e as meninas, menos o aborto quando é legal", criticou.