BRASILIA, 8 de mai de 2013 às 14:00
Francisca de Paula de Jesus, conhecida como "Nhá Chica" ou "Santinha do Baependi", é a primeira mulher brasileira negra em ter sido elevada aos altares como beata, após o reconhecimento pela Igreja de uma milagrosa cura ocorrida faz 18 anos e que atualmente tem um registro de 20 mil casos de supostos milagres.
Em uma histórica cerimônia para a Igreja no Brasil, no sábado 4 de maio, no Estado de Minas Gerais, realizou-se a beatificação de Nhá Chica, presidida pelo Prefeito para Congregação da Causa dos Santo, Cardeal Angelo Amato.
Para este magno evento esteve presente o Secretário Geral da Presidência da República em representação da Presidente Dilma Rousseff e o Governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia entre outras figuras públicas, assim como numerosos membros do clero e aproximadamente 40 mil fiéis que desde dias anteriores chegaram a Baependi, onde a Beata morou por quase toda a sua vida para estarem presentes nesta cerimônia.
Nhá Chica era devota de Nossa Senhora da Concepção, foi filha e neta de escravos, analfabeta, órfã desde a infância, viveu na pobreza e na simplicidade, consagrando sua vida a servir às pessoas, em uma vida de oração, apesar de ser filha de escravos, ela viveu em liberdade fazendo o bem.
Através de um comunicado publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, os Bispos assinalam que a "Beatificação de Nhá Chica é uma mensagem de extraordinário significado e importância para nossa Igreja".
Destacaram, além disso, o reconhecimento da sua santidade tendo passado pouco mais de 100 anos de sua morte, isto "confirma a importância de se colocar em relevo o exemplo de sua vida de fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho".
A também chamada "Mãe dos Pobres" dedicou toda sua vida "servindo às pessoas, especialmente na nobre tarefa de escutar e aconselhar", expressaram os Bispos e pediram que "que a Beata Nhá Chica alcance de Deus graças e bênçãos para todo o povo brasileiro e nos ensine a trilhar o caminho da santidade, vivendo na simplicidade e na pobreza evangélicas".
O milagre reconhecido foi a cura de um problema de nascença no coração da professora de 67 anos, Ana Lucia Meirelles Leite, que no momento que ia ser operada faz 18 anos, os médicos constataram que seu mal tinha desaparecido.
Em declarações a um jornal local de São Paulo, Meirelles considerou como "uma bênção saber que sou um instrumento para que Nhá Chica vá ao altar".
A Beata foi reconhecida como Serva de Deus em 1991, onze anos mais tarde, em 14 de janeiro de 2011, o Bispo Emérito de Roma, Bento XVI, aprovou suas virtudes heroicas e foi reconhecida como Venerável.
Posteriormente em 14 de outubro de 2011, os sete doutores atribuídos para analisar o caso médico apresentado como Milagre votaram a favor de que a cura não tinha explicação científica, portanto em 5 de Junho de 2012, Bento XVI reconheceu o Milagre e promulgou o Decreto de Beatificação.
A "Santinha do Baependi" nasceu em 1808, era solteira e não pertenceu a nenhuma ordem religiosa. Aos dez anos ficou órfã de mãe e foi com seu irmão quem ao morrer deixou de herança uma fortuna que distribuiu aos pobres. Nhá Chica não lia a Bíblia por ser analfabeta, mas diariamente sabia aplicar o amor ao próximo.
A Beata faleceu em 14 de junho de 1895, e desde então as pessoas pediam sua intercessão para serem curadas de doenças.
O Brasil tem dois santos, São Frei Galvão, natural de São Paulo e Santa Paulina que nasceu na Itália e chegou ao país quando tinha dez anos e onde fez seu caminho à santidade, mas se a Igreja aprova um segundo milagre de Nhá Chica, a Beata passaria a ser a primeira santa nascida no país.