Em declarações ao grupo ACI em 2 de maio, o Cardeal assinalou que a dúvida atual é se o hoje Bispo emérito de Roma "pode manter o mesmo brasão ou não", disse, "e como uma pessoa que se dedicou a isto, digo ‘não’".

O Cardeal, que foi, entre 1990 e 1998, o primeiro Núncio Apostólico para Israel e Palestina, desenhou o brasão de Bento XVI em 2005.

Sua fascinação com a heráldica eclesial é um interesse de toda sua vida. E isso o levou a desenhar o brasão de muitas instituições católicas, assim como de Bispos e Cardeais.

O Cardeal Cordero Lanza di Montezemolo assinalou que "o brasão precisa ser transformado", pois agora ele é o Bispo emérito de Roma, por isso desenhou um novo, que ele acredita que poderia ser usado por Bento XVI.

Em seu desenho, o Cardeal mudou as chaves grandes de São Pedro de trás do brasão para parte superior, e as fez menores.

"Isso mostra que teve uma posse histórica, mas não uma jurisdição atual", explicou.

O Cardeal também incluiu o lema que Bento usou como cardeal ao pé do escudo, algo que o brasão papal não inclui.

"Mas esta é somente uma proposta, não é oficial", indicou.

"Eu me permiti enviar-lhe uma nota com as sugestões, porque os elementos de jurisdição efetivamente precisam ser removidos", disse.

O Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo revelou que Bento XVI lhe respondeu com uma nota indicando que se sentia "muito inseguro" a respeito, e que ele "não se atreve".

"Mas o verá, porque o tema continua em aberto", disse o perito em heráldica eclesial.

O Cardeal explicou que enquanto o Papa Francisco não solicitou seus serviços, Bento XVI o contatou imediatamente após a sua eleição.

"Telefonou para mim no dia seguinte as oito em ponto da manhã, à casa Santa Marta", recordou.

"Perguntei-lhe o que queria, ele me mostrou o brasão que tinha como Arcebispo de Munique e como Cardeal, e logo me perguntou o que pensava sobre isso", disse.

O Cardeal respondeu que era bom, mas "não muito correto", porque tinha quatro partes com dois elementos repetidos.

"Sugeri que ele ponha os elementos principais em três partes, e ele respondeu que não queria a tiara papal", disse.

"Ele tinha uma ideia muito clara do que queria, assim que propus alguns acertos, e desenhei oito esboços depois de trabalhar todo o dia e a noite".

Ao dia seguinte, o Cardeal retornou à Santa Marta às 8:00 a.m. com os oito modelos e Bento escolheu um "muito decididamente" e o assinou.

"É interessante quão decidido estava em acrescentar e remover certos elementos no desenho", comentou o Cardeal.

"Eu sugeri usar a mitra, o símbolo dos Bispos".

Mas o Papa Bento XVI respondeu que "as pessoas não seriam capazes de ver a diferença entre um brasão de um Bispo e um de um Papa".

O Cardeal adicionou as chaves de São Pedro atrás do brasão. Abaixo acrescentou o pálio, coisa que nunca tinha sido feita por um Papa anteriormente, para mostrar a colegialidade entre o Papa e os Bispos.

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