VATICANO, 12 de jun de 2013 às 14:40
A Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos (CLAR) publicou ontem a noite um comunicado no qual assinala que "não se podem atribuir ao Santo Padre, com segurança" as expressões referidas à existência de um lobby gay no Vaticano.
A notícia de que o Papa Francisco tinha admitido a existência de um lobby gay no Vaticano deu a volta ao mundo em base a uma síntese apresentada "em exclusiva" pela página Web "Reflexión y liberación" que informava sobre a reunião privada que a CLAR esteve com o Papa no último dia 6 de junho em Roma.
Em resposta ao escândalo a CLAR publicou na terça-feira de noite um comunicado mediante o qual "lamentam profundamente a publicação de um texto que se refere à conversação tida com o Santo Padre Francisco durante o encontro do passado 6 de junho. Conversação que se desenvolveu a partir das perguntas feitas ao Papa pelos presentes".
O comunicado da CLAR, que não menciona o site ‘Reflexión y liberación’, indica que "em tal ocasião não se fez gravação alguma da conversa, mas pouco depois se elaborou uma síntese da mesma com base nas lembranças dos participantes. Esta síntese, que não contém as perguntas feitas ao Santo Padre, estava destinada à memória pessoal dos mesmos participantes e de nenhuma maneira à publicação para a qual, de fato, não se tinha pedido autorização alguma".
O texto precisa que "é claro que sobre esta base não se podem atribuir ao Santo Padre, com segurança, as expressões singulares contidas no texto, mas somente seu sentido geral".
O site assinala que o Papa teria falado à presidência da CLAR que "na cúria, há pessoas verdadeiramente santas, mas também há uma corrente de corrupção… Se fala do ‘lobby gay’, e é verdade, está aí… temos que ver o que podemos fazer…".
Outra das afirmações que foram atribuídas ao Pontífice é: "a reforma da Cúria romana é algo que pedimos a quase todos os cardeais nas congregações prévias ao Conclave. Eu também a pedi. A reforma, não a posso fazer eu, estes temas de gestão… Eu sou muito desorganizado, nunca fui bom nisto. Mas os cardeais da comissão vão levá-la adiante".
‘Reflexión y liberación’ também diz que o Papa Francisco assinalou que "há algo que me preocupa, embora não sei como lê-lo. Há congregações religiosas, grupos muito, muito pequenos, umas poucas pessoas, pessoas muito mais velhas… Não têm vocações... o Espírito Santo não quer que continuem, provavelmente já cumpriram sua missão na Igreja, não sei… Mas estão aí, obstinadas aos seus edifícios, obstinadas ao dinheiro… Eu não sei por que acontece isto, não sei como lê-lo. Mas peço que se preocupem desses grupos… O manejo do dinheiro… é algo que precisa ser refletido".
A CLAR não explica como o portal "Reflexión y liberación" obteve a síntese pessoal dos membros da CLAR e por que continua publicada no site.
O grupo ACI tentou, durante 36 horas, comunicar-se com o Secretário Geral Pe. Gabriel Laranjeira Salazar, CM, que se encontra em Roma, e com a Presidente, Ir. Mercedes Leticia Casas Sánchez, FSpS, sem resultado.
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O grupo ACI consultou sobre a publicação de "Reflexión y liberación" ao Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, quem assinalou a respeito que "o encontro do Santo Padre com a presidência da CLAR era um encontro de caráter privado. Por isso não tenho nenhuma declaração que fazer sobre o conteúdo da conversação".