ROMA, 6 de ago de 2013 às 16:11
O Cardeal brasileiro Claudio Hummes, Prefeito Emérito da Congregação para o Clero, amigo pessoal do Papa, assegura que o Santo Padre "já era um Francisco" antes de chegar a Roma.
Em 16 de março, na audiência que concedeu a mais de 6 mil jornalistas de todo o mundo, o Papa Francisco explicou a razão pela qual escolheu esse nome: "durante as eleições, eu tinha ao meu lado o Arcebispo Emérito de São Paulo e também Prefeito Emérito da Congregação para o Clero, o cardeal Claudio Hummes: um grande amigo! E quando a coisa ficava um pouco perigosa, ele me confortava".
Naquela oportunidade, o Papa assinalou que "quando os votos subiram a dois terços, veio o aplauso costumeiro porque havia sido eleito o papa. E ele me abraçou, me beijou, e me disse: ‘Não se esqueça dos pobres’".
"Essa palavra entrou aqui: os pobres, os pobres. Logo pensei em Francisco de Assis. Depois eu pensei nas guerras, enquanto o escrutínio prosseguia até a contagem de todos os votos. E Francisco é o homem de paz. E assim veio o nome no meu coração: Francisco de Assis".
Esse dia o Santo Padre também disse uma das frases mais conhecidos de seu pontificado: "Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!".
Em uma recente entrevista concedida ao jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, o Cardeal Hummes assinalou que o Papa é todo um "Francisco", basta ver "seus gestos, sua forma de entrar em relação com as pessoas, é muito próximo e isso é o que o leva para aqueles que vivem nas ‘periferias’: as pessoas que o necessitam, as que sofrem, os pobres", disse.
O que o Papa "fez pela Argentina, foi o que fez depois pela América Latina, graças ao seu papel na V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e o Caribe em 2007, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, e agora o faz pela Igreja universal... abrindo os corações, indicando o caminho pelo qual entende conduzir à Igreja", acrescentou.
O Cardeal Bergoglio "já era um Francisco quando vivia em Buenos Aires. Toda sua vida o foi e continua sendo. É uma mensagem muito forte neste sentido. É mais, agora como Papa, demonstra com seus gestos e palavras como que para o ministério petrino também os pobres são uma opção preferencial e fundamental".
O Cardeal Hummes indicou também que o Santo Padre é muito bom professor porque "nos ensina de uma maneira muito simples que todos nós devemos trabalhar em projetos grandes, mas comprometendo-nos com quem vive a nosso lado. Com nossos vizinhos, nos quais devemos ver o aspecto humano em vez de ser considerados como um número. E esta é uma lição que vale, sobretudo para os jovens, chamados a evangelizar seus conterrâneos".
O Cardeal Hummes encontrou o Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013, que reuniu na cidade carioca a quase quatro milhões de peregrinos durante a última semana de julho, e assegurou que o Papa se mostrou muito alegre de voltar ao seu continente.
"Foi muito belo vê-lo voltar para a América Latina, da que conhece muito bem a história e a realidade", disse.
Para o Cardeal, quem também foi por muitos anos Arcebispo de São Paulo no Brasil, o espírito evangelizador da JMJ "não terminou", mas "marcou um novo começar, sobretudo para a Igreja tanto no Brasil como em todo o continente latino americano", concluiu.
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