Massimo Introvigne, sociólogo italiano especialista no tema da liberdade religiosa, lamentou o "mal-estar" suscitado em alguns católicos, depois das declarações do Papa Francisco à revista italiana Civiltà Cattolica, e explicou que "o ensinamento moral para o Papa vem depois do anúncio da salvação através da misericórdia de Deus".

Introvigne indicou que "o modo de expressar-se em uma entrevista não é o mesmo de uma encíclica: é muito fácil nos encontrar com frases suscetíveis de serem tiradas do contexto e colocadas com malícia na primeira página".

O sociólogo assinalou que é importante tentar compreender o contexto no qual se dão as palavras do Papa, "para transformar também o mal-estar em reflexão cultural e política, em vez de guarda-los no interior e cuspi-los depois como veneno, como acontece com tantos comentários alterados que proliferam na Internet".

O mal-estar suscitado, disse Introvigne "se manifesta quando Francisco anuncia que não pretende falar muito ‘dos assuntos relacionados ao aborto, matrimônio homossexual e ao uso de métodos anticoncepcionais’".

"Não afirma que não falará nunca, e de fato, de repente, no dia 20 de setembro falou do aborto, com clareza, aos médicos católicos. Mas disse que falará pouco disto, que deixará estes temas aos episcopados nacionais –na Itália o Cardeal Bagnasco está se expressando com particular clareza– e falou também que acha que algumas pessoas na Igreja falam muito deles".

O perito italiano indicou que "em um mundo muito afastado da fé, Francisco pensa que o Papa deve partir novamente do primeiro anúncio", o "das coisas elementares: que Jesus Cristo é Deus e veio para a nossa salvação, que oferece a todos a sua misericórdia, que converter-se é possível, que a conversão não é um esforço individual, mas passa sempre pela Igreja".

"Francisco se preocupa em primeiro lugar do que "esta fé é" e a anuncia através do rosto misericordioso do Senhor que oferece o seu perdão a todos, também aos homossexuais, às mulheres que abortaram e aos divorciados que voltaram a casar".

Introvigne assegurou que "não é que o anúncio moral não faça parte da mensagem cristã, nem que Francisco pense em mudar a doutrina. Mas, o ensinamento moral para o Papa vem depois do anúncio da salvação através da misericórdia de Deus".

"A ditadura do relativismo ataca a moral para destruir a fé. O Papa Francisco pensa que não deve aceitar esta opção do terreno de combate feita para outros. Inverte a lógica do mundo e fala de outra coisa: anuncia a compaixão e a misericórdia, ao mundo mostra Jesus misericordioso e crucificado, convida todos a ficarem primeiro aos seus pés".

O sociólogo italiano apontou que "muitos estudos sociológicos confirmam que são muitos, no mundo inteiro, os que se deixam comover por este chamado do Papa Francisco".

"Outros, que podem estar chateados com as suas estratégias e prioridades, poderão deixar-se entusiasmar no coração pelo magistério do Papa Bergoglio: o convite a "sair" e anunciar a fé àqueles que não vão à Igreja".

"Que o mundo necessite tantas coisas, mas que sem a fé não possa sobreviver, era –depois de tudo– também o maior ensinamento de Bento XVI", disse.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos: