Ao receber neste sábado na Praça de São Pedro a Peregrinação das Famílias ao Túmulo de São Pedro com ocasião do Ano da Fé, que reuniu mais de 150 mil pessoas de todo o mundo em Roma, o Papa Francisco lhes exortou a ficarem sempre "unidos a Jesus e levem-no a todos com seu testemunho".

O Santo Padre saudou os peregrinos reunidos sob o lema "Família, vive a alegria da fé", e assegurou que escutou "as vossas experiências, os casos que contastes. Vi tantas crianças, tantos avós… Pressenti a tristeza das famílias que vivem em situação de pobreza e de guerra. Ouvi os jovens que se querem casar, mesmo por entre mil e uma dificuldades. E então surge-nos a pergunta: Como é possível, hoje, viver a alegria da fé em família?".

"Mas eu pergunto-vos também: ‘É possível viver esta alegria, ou não é possível?’ Há uma palavra de Jesus que vem em nossa ajuda: ‘Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos’. Muitas vezes a vida é gravosa, frequentemente mesmo trágica! Ainda recentemente o ouvíamos".

O Santo Padre assinalou que "o trabalho é um esforço; procurar trabalho é fatigante. E encontrar emprego hoje pede-nos tanta fadiga! Mas, aquilo que mais pesa na vida não é isto: aquilo que pesa mais do que tudo isso é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não ser bem recebidos. Pesam certos silêncios".

"Às vezes mesmo em família, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos. Sem amor, a fadiga torna-se mais pesada, intolerável".

O Papa recordou também aos idosos sozinhos, nas famílias que passam por dificuldades porque não recebem ajuda para sustentar quem em casa precisa de atenção especial e cuidados. ‘Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos’ diz Jesus".

"Queridas famílias, o Senhor conhece as nossas canseiras: conhece-as mesmo! E conhece os pesos da nossa vida. Mas o Senhor conhece também o nosso desejo profundo de achar a alegria do descanso".

"Esta é a primeira coisa que quero partilhar convosco nesta tarde, e é uma palavra de Jesus: Vinde a Mim, famílias de todo o mundo – diz Jesus –, e Eu vos hei-de aliviar, para que a vossa alegria seja completa. E esta Palavra de Jesus levai-a para casa, levai-a no coração, compartilhai-a em família. Convida-nos a ir ter com Ele, para nos dar, para dar a todos a alegria".

Continuando, Francisco recordou às famílias que "quem se casa, no sacramento, diz: ‘Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida’".

"Naquele momento, os esposos não sabem o que vai acontecer, não sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão; põem-se juntos a caminho. E isto é o matrimônio! Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida. E não façais caso desta cultura do provisório, que nos põe a vida em pedaços".

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O Papa destacou que "os esposos cristãos não são ingênuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade".

"Sem fugir nem isolar-se, sem renunciar à missão de formar uma família e trazer ao mundo filhos. – Mas hoje, Padre, é difícil… – Sem dúvida que é difícil! Por isso, é preciso a graça, a graça que nos dá o sacramento!".

Os sacramentos, remarcou, "não servem para decorar a vida – mas que lindo matrimônio, que linda cerimônia, que linda festa!… Mas aquilo não é o sacramento, aquela não é a graça do sacramento. Aquela é uma decoração! E a graça não é para decorar a vida, é para nos fazer fortes na vida, para nos fazer corajosos, para podermos seguir em frente! Sem nos isolarmos, sempre juntos".

O Santo Padre recordou que "algumas semanas atrás, nesta praça, disse que, para levar adiante uma família, é necessário usar três palavras. Três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave!".

"Peçamos licença para não ser invasivos em família. ‘Posso fazer isto? Gostas que faça isto?’ Com a linguagem de quem pede licença", disse, para logo assinalar que "digamos obrigado, obrigado pelo amor! Mas diz-me: Quantas vezes ao dia dizes obrigado à tua esposa, e tu ao teu marido? Quantos dias passam sem eu dizer esta palavra: obrigado!".

"E a última, desculpa. Todos erramos e às vezes alguém fica ofendido na família e no casal, e algumas vezes – digo eu – voam os pratos, dizem-se palavras duras… Mas ouvi este conselho: Não acabeis o dia sem fazer a paz. A paz faz-se de novo cada dia em família! ‘Desculpai-me’…, e assim se recomeça de novo".

Francisco também questionou às famílias se é que "vós ouvis os avós? Abris o vosso coração à memória que nos dão os avós? Os avós são a sabedora da família, são a sabedoria de um povo. E um povo que não ouve os avós, é um povo que morre! Ouçamos os avós!".

"Maria e José são a Família santificada pela presença de Jesus, que é o cumprimento de todas as promessas. Cada família, como a de Nazaré, está inserida na história de um povo e não pode existir sem as gerações anteriores. E por isso hoje temos aqui os avós e as crianças. As crianças aprendem dos avós, da geração anterior".

"Queridas famílias, também vós fazeis parte do povo de Deus. Caminhai felizes, juntamente com este povo. Permanecei sempre unidas a Jesus e levai-O a todos com o vosso testemunho", exortou.

"Obrigado por terdes vindo. Juntos, façamos nossas estas palavras de São Pedro, que nos têm dado força e continuarão a dar nos momentos difíceis: ‘A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!’. Com a graça de Cristo, vivei a alegria da fé!".

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