ROMA, 17 de dez de 2013 às 12:30
O Secretário para as Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, afirmou durante uma exposição na Universidade Urbaniana de Roma que o "conceito mesmo de direitos humanos" nasceu em um contexto cristão e deu o exemplo de Santo Tomás Moro que, pelo preço de sua própria vida demonstrou como os cristãos são os primeiros a rejeitar, em nome da liberdade de consciência qualquer projeto de atropelo.
Dom Mamberti falou sobre os laços entre a liberdade religiosa e o cristianismo, no âmbito da Conferência organizada pela Georgetown University de Washington sobre o tema "Cristianismo e liberdade: perspectivas históricas e contemporâneas".
"O vínculo entre o cristianismo e a liberdade é, portanto, original e profundo, tem as suas raízes nas lições de Cristo, e encontra mais tarde em São Paulo a um dos seus promotores mais enérgicos e geniais. A liberdade é inerente ao cristianismo, já que, como diz Paulo, ‘Cristo nos libertou para que fôssemos livres’ e embora, o apóstolo fale da liberdade interior, essa repercute em âmbito social", explicou o Prelado.
Este ano faz 1700 anos do Édito de Milão, que deu a liberdade religiosa aos cristãos que viviam no Império Romano. "Ao mesmo tempo, do ponto de vista da história e do patrimônio cultural, o Édito marca o começo de um caminho que caracterizou a história da Europa e de todo o mundo e que levou ao longo dos séculos à definição dos direitos humanos e à afirmação da liberdade religiosa como o primeiro deles", assinalou.
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Dom Mamberti disse que se Constantino se deu conta de que o desenvolvimento do império dependia da capacidade de cada um de professar livremente sua fé, "a história demonstra que existe um círculo virtuoso entre a abertura ao caráter transcendente do desenvolvimento humano e social".
"Basta com contemplar o patrimônio artístico do mundo, e não só o de origem cristã, para compreender a bondade deste vínculo. Neste ponto, é necessário, entretanto dissipar um mal-entendido no qual é fácil cair, já que a palavra ‘liberdade’ se pode interpretar de muitas maneiras. Não pode reduzir-se ao mero livre-arbítrio, nem entender-se negativamente como a ausência de vínculos. O reto exercício da liberdade religiosa não pode separar-se da interação mútua entre a fé e a razão", indicou.
Dom Mamberti disse que "isto constitui ao mesmo tempo, a barreira contra o relativismo e contra as formas de fundamentalismo religioso que consideram, da mesma forma que o relativismo, a liberdade religiosa como uma ameaça para sua afirmação ideológica".
O representante vaticano recordou que quando o Concílio Vaticano II afirmou o princípio da liberdade religiosa "não propôs uma nova doutrina. Ao contrário, reiterou uma experiência humana comum, ou seja, que ‘todos ... , como pessoas, dotadas de razão e de vontade livre e por isso mesmo com responsabilidade pessoal, são levados pela própria natureza e também moralmente a procurar a verdade’ ... E é na verdade, não como um absoluto que já possuímos, mas como um objeto possível de conhecimento racional e relacional, onde encontramos a possibilidade de um são exercício da liberdade. Nesse elo encontramos a verdadeira dignidade da pessoa humana".