MEXICO D.F., 20 de dez de 2013 às 08:00
Durante o encontro continental celebrado no santuário da Virgem de Guadalupe no México, o Arcebispo da Filadélfia (EUA), Dom Charles Chaput, explicou que os Bispos não são responsáveis por cada erro ou fracasso no contexto da nova evangelização, mas são responsáveis por fazer que as pessoas possam "abraçar Jesus Cristo e seus ensinamentos de um modo novo e mais pessoal" a partir da própria mudança radical e testemunho de vida cristã.
O Arcebispo fez esta afirmação no último dia 16 de novembro, no marco do Encontro e Peregrinação "Nossa Senhora de Guadalupe, Estrela da Nova Evangelização no continente americano", que reuniu centenas de bispos, cardeais e conhecidos leigos da América para aprofundar sobre este importante tema. O evento foi auspiciado pela Pontifícia Comissão para a América Latina e pelos Cavaleiros de Colombo.
Na sua exposição -uma das poucas conferências que recebeu aplausos prolongados e de pé- intitulada, "A nova evangelização: Responsabilidades e desafios para o continente americano", Dom Chaput explicou que os bispos não são responsáveis "por cada fracasso, cada erro nem pelas coisas nas quais não influenciamos nem controlamos. Mas temos o dever de examinarmos a nós mesmos e a nosso trabalho honestamente, para nos corrigir uns aos outros com franqueza, para reformar nossos corações e para dar nossas vidas, zelosa e completamente, sem ter em conta o custo, para servir a Deus e ao nosso povo".
O trabalho de evangelização, disse o Arcebispo, "precisa envolver mais fatores que somente a boa doutrina, é necessário guiar o novo povo –incluindo os bem catequizados– para abraçar Jesus Cristo e seus ensinamentos de um modo novo e mais pessoal".
Dom Charles Chaput explicou que um dos problemas que enfrentam os bispos na sua tarefa cotidiana são as próprias debilidades e limitações: "Deus nos chamou para liderar, a Igreja nos ordena fazê-lo e temos a responsabilidade de fazê-lo".
O Prelado recorda também a sua participação no Sínodo dos Bispos em 1997, quando falou "de um consenso moral nos Estados Unidos que ainda era em sua maioria cristão. Hoje isso não é mais assim. Sei que os meios de comunicação dos Estados Unidos promovem os apetites, crenças e preconceitos de muitos no resto do mundo –incluindo os jovens católicos– e com algumas exceções, estes meios não são amigos da fé católica".
"A assistência à Missa e a prática sacramental foram declinando por décadas em muitas dioceses americanas, muito antes da crise de abusos sexuais por parte do clero em anos recentes. E sei que milhões de católicos no meu país e no Canadá são batizados e inclusive catequizados, mas não conhecem Jesus Cristo e, portanto, para muitos deles a linguagem das Escrituras, o culto e o raciocínio moral católico resultam incompreensíveis".
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Defesa da vida e da família
O Arcebispo fez um chamado a trabalhar "mais de perto para proteger a dignidade das famílias que se encontram entre a pobreza da vida no Sul e as leis de imigração no Norte, que com frequência parecem incoerentes, irracionais e inclusive vingativas".
Recordou também que "o direito à vida começa com o nascituro. Nada pode desculpar a violência ou diminuir o mal do aborto. No meu país, o culto ao aborto envenenou nossas leis, nosso discurso público e inclusive a fé e a integridade de muitas pessoas que se consideram a si mesmas como cristãs".
Neste sentido, adicionou que o direito à vida "vai mais além do ventre. Para prosperar, as crianças precisam de famílias com um pai e uma mãe; e a integridade da família depende da liberdade dos pais para procurar trabalho, ganhar um salário honesto e apoiar-se mutuamente e apoiar os filhos que Deus conceda".
O Arcebispo da Filadélfia se referiu logo ao problema das drogas e explicou que "em certo sentido, as drogas são apenas o sintoma, não a causa, de uma profunda disfunção social. A pobreza é o problema fundamental para entender uma sociedade problematizada, mas os dois temas estão muito conectados. A pobreza gera desespero, que busca alívio nas drogas, e estas últimas destroem vidas que terminam na pobreza e no crime. Os dois problemas se alimentam e se complementam".
Finalmente, o Arcebispo disse que "o obstáculo maior para esse novo ‘Novo Mundo’ não são os inimigos que nos odeiam nem os não crentes que insultam a Igreja e o Evangelho. O obstáculo maior é o Antigo Mundo que vive nos nossos corações, inclusive naqueles de nós que somos bispos, e talvez especialmente em alguns de nós que somos bispos: nosso orgulho, nossa covardia, nossa falta de confiança nas promessas de Deus".