O Pe. Lawrence Andrew, sacerdote da Malásia e diretor do jornal católico “Herald” e do semanário diocesano de Kuala Lumpur, está sendo indiciado pela justiça e poderia ser acusado e processado por “rebelião”, depois de receber 109 denúncias por ter usado em um recente artigo que os fiéis católicos têm direito a seguir utilizando a palavra “Alá” para referir-se a Deus.

Conforme assinala a agência vaticana Fides, no artigo publicado em 27 de dezembro, o Pe. Andrew citava, como base do seu argumento, uma oração cristã de mais de cem anos, em idioma malaio, em que se utilizava o nome “Allah”.

“A situação é muito grave. Existe uma grande preocupação na Igreja Católica, porque a história deu um giro para o pior”, assinala frei Agustín Julian, missionário dos Irmãos das Escolas Cristãs no Kuala Lumpur e ex-secretário da Conferência Episcopal da Malásia.

“A investigação do poder judicial em curso é uma forma sutil de pressão para todos os cristãos. Há uma forte preocupação na comunidade e tensões com os grupos radicais islâmicos”, acrescenta.

Os Bispos da Malásia, que nestes dias estão reunidos em Johor para uma reunião da Conferência Episcopal, “examinarão esta delicada questão”, assinala Frei Julian, embora seja provável que não haja nenhuma intervenção oficial. O que se teme é uma escalada que poderia conduzir à violência, informa Fides.

A abertura do processo contra o Pe. Andrew se dá após outro episódio crítico: a recente expropriação de mais de 300 bíblias pela polícia no estado de Selangor.

O uso da palavra “Allah”

A origem da controvérsia sobre o uso da palavra “Allah” (Alá em português) pelos não muçulmanos iniciou a princípios de 2009, quando o Ministério do Interior revogou a permissão da publicação do periódico católico “Herald”, por usá-la. Segundo o órgão a palavra que designa o nome de Deus no Corão não podia ter uso em nenhum escrito que não fosse muçulmano.

A Igreja Católica pôs em marcha uma ação legal para reclamar a violação de seus direitos constitucionais. No mesmo ano, um tribunal confirmou a afirmação da Igreja. A sentença posterior do Tribunal de Apelação em outubro de 2013, porém, restabeleceu a proibição.

Os muçulmanos constituem mais de 60 por cento dos 28 milhões de malaios, enquanto que os cristãos representam cerca de 9 por cento da população.
 

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