VATICANO, 3 de abr de 2005 às 13:49
Com a comovente participação de mais de 100 mil paroquianos que se fizeram presentes na basílica de São Pedro do Vaticano, o Cardeal Angelo Sodano presidiu neste domingo pela manhã a primeira Missa de exéquias em sufrágio pela alma do Papa João Paulo II que neste sábado 2 de abril voltou para a Casa do Pai.Na sua homilia, o Cardeal assegurou que "o Papa morreu sereno". "De tal serenidade, fui testemunha ao participar da prece diante do leito do Papa em agonia", revelou o Cardeal, para quem "a serenidade é produto da fé".
Quem fora até o momento da morte do Pontífice Secretário de estado Vaticano, recordou que a Igreja celebra hoje no domingo "in albis", No domingo da Divina Misericórdia", festa instituída pelo próprio João Paulo II anos atrás.
Ao ressaltar que em sua vida e pregação o Santo Padre chamava a ir além da justiça para aperfeiçoá-la na misericórdia, o Cardeal Sodano disse que "João Paulo o Grande se torna assim no cantante da civilização do amor, vendo em tal palavra uma das definições mais belas da "civilização cristã".
"Se, a civilização cristã é civilização do amor, radicalmente diferente daquelas civilizações do ódio que foram propostas pelo nazismo e o comunismo", acrescentou.
Em presença de um grande número de concelebrantes e diversas autoridades, o Cardeal Sodano reconheceu que o ânimo de todos no mundo "é tocado por um fato doloroso: nosso Pai e Pastor, João Paulo II, deixou-nos" Entretanto, disse o Cardeal "por 26 anos, sempre nos convidou a olhar a Cristo, única razão de nossa esperança".
"Por 26 anos, ele levou a todas as praças do mundo o Evangelho da esperança cristã, ensinando a todos que nossa morte não é outra coisa que uma passagem para a pátria do céu. Lá está nosso eterno destino, onde nos espera Deus nosso Pai". "A dor do cristão se trasforma imediatamente em uma aproximação de profunda serenidade", disse.
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Mais adiante, o Cardeal convidou a superar este momento difícil olhando nosso destino eterno. "A fé, meus irmãos, convida-nos a levantar a cabeça e a olhar longe, a olhar ao alto! E assim, hoje, enquanto choramos a partida do Papa que nos deixou, abramos o coração à visão de nosso eterno destino".
Divina Misericórdia
Em sua homilia, o Cardeal Sodano recordou que João Paulo II foi quem instituiu a celebração, no II Domingo de Páscoa, da festa da Divina misericórdia justamente para ressaltar o aspecto consolador do mistério cristão que nos diz que o pecador sempre contará "com a misericórdia de Deus Pai que o espera".
"Neste domingo, seria comovente reler uma de suas Encíclicas mais belas, a Dives in misericórdia, que nos deu em 1980, no terceiro ano de seu Pontificado". Ali, "João Paulo II nos convida a olhar a Maria, a Mãe da Misericórdia, Àquela que, durante a vista a Isabel, magnificava ao Senhor exclamando que ‘de geração em geração é Sua misericórdia".
Ao finalizar sua intervenção, o Cardeal pediu que "do céu", o Papa "vele sempre sobre nós e nos ajude a ‘cruzar o umbral da esperança’ do qual tanto nos tinha falado".
"E a nosso inesquecível Pai dizemos, com as palavras da Liturgia: ‘No Paraíso lhe conduzam os anjos!’. Um coro de festa te acolha e te conduza na Cidade Santa, a Jerusalém celeste, porque lá terás um réquiem eterno", concluiu.
Depois da celebração eucarística, o Arcebispo argentino Leornardo Sandri leu uma mensagem do Santo Padre escrito com motivo do Regina Coeli, no qual dizia que o amor "converte o coração e dá a paz".