CARACAS, 14 de fev de 2014 às 11:59
O Arcebispo de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa Savino, pediu que sejam julgados os responsáveis pelas três mortes ocorridas ontem durante a repressão que grupos armados fizeram contra uma manifestação pacífica, e indicou que o Governo deve levar em consideração as razões pelas quais milhares de venezuelanos saíram às ruas.
“A mensagem é ‘calma e prudência’ e que haja uma investigação exaustiva dos fatos para que se vejam bem quais são as responsabilidades e é obvio que sejam julgados os responsáveis por assassinar três venezuelanos que estavam exercendo seu legítimo direito a uma manifestação pacífica”, expressou nesta quinta-feira 13 de fevereiro a União Radio.
“Ontem houve umas manifestações de violência que são totalmente inaceitáveis e que é obvio deverão evitar-se no futuro”, acrescentou.
Depois de expressar suas condolências às famílias dos falecidos, o Arcebispo também denunciou a existência “de grupos armados que irromperam depois em motos” no lugar da manifestação.
“Isso deve ser completamente eliminado. Não pode haver grupos armados que vão sabotar ou tergiversar manifestações pacíficas e que produzam depois o triste saldo de mortos que de maneira nenhuma tinham que ter morrido ontem”, assinalou.
O Arcebispo disse que na Venezuela “há muita polarização e uma atitude intransigente por parte de alguns, uma atitude muito violenta por parte de outros e acho que isso pode mudar”.
Do mesmo modo, pediu “garantir o respeito ao protesto pacífico” e indicou que no caso de qualquer abuso em um protesto, os únicos organismos que estão capacitados para atuar “são os organismos do Estado, não organismos parapoliciais”.
O Cardeal Urosa também chamou o Governo de Nicolás Maduro a “levar em consideração os protestos e escutar as colocações e as razões pelas quais se fazem esses protestos. É necessário dar solução a esses problemas, e nesse sentido é importante que haja uma atitude de diálogo entre os diferentes setores”.
Durante a entrevista, o Cardeal exigiu ao Governo respeitar o direito à informação. “Eu fiquei assombrado ontem de noite quando depois de toda uma espécie como de ‘blecaute de notícias’, fiquei sabendo do que havia acontecido. Não há direito a que os venezuelanos não estejam informados sobre as coisas graves que possam acontecer (…). O Governo deve respeitar o direito à informação”, expressou.
Finalmente, exortou a população a estar “na presença de Deus. É um aspecto religioso que é extremamente importante e tirar do nosso coração o ódio porque o ódio nos envenena”.