O Bispo da Cidade Guayana (Venezuela), Dom Mariano José Parra Sandoval exortou os estudantes venezuelanos que se manifestam pacificamente nestes dias no país a que continuem com o protesto dentro do marco da lei, assegurando-lhes que “têm a arma da razão e o poder da sabedoria”.

Em um comunicado assinado no dia 18 de fevereiro junto ao Diretor Diocesano da Pastoral Universitária, Pe. Néstor Briceño, o Prelado recordou que “domingo passado deveria ter sido um dia de alegria para os jovens da nossa diocese, pois se celebrava o Dia Nacional da Juventude”, entretanto, lamentou, “não foi assim”.

“Depois do ocorrido nos protestos do dia 12 de fevereiro que levou os jovens a protestar pacificamente no setor de Alta Vista de Porto Ordaz, na madrugada do domingo 16 todos fomos surpreendidos quando este jovens foram detidos por efetivos da Guarda Nacional Bolivariana”, recordou.

Deixando atrás “os sentimentos do momento”, e com “a razão iluminada pela fé”, Dom Parra Sandoval assegurou que “a situação atual transcende qualquer sectarismo, seja político partidário, econômico, cultural ou religioso, e inclusive não é uma reclamação contra um governo, mas a favor da dignidade da vida cidadã resguardada pela Constituição da República Bolivariana da Venezuela”.

Estas manifestações, além disso, defendem “o princípio fundamental da vida como realidade sagrada e seu respeito integral, direito que estabelece as bases da convivência humana e o exercício da política”.

O Bispo exortou os jovens estudantes a serem “verdadeiros vencedores do maligno, quer dizer, rompam com tudo aquilo que separa uns dos outros, sem deixar-se manipular por particularidades políticas de nenhum tipo, sendo uma só juventude universitária, pois isso, todos vocês têm em comum apesar das diversas diferenças”.

“Partindo dessa convicção, procurem os ideais compartilhados, para que toda a sua ação político social seja a afirmação da dignidade de todos os venezuelanos”.

Dom Mariano José Parra Sandoval lhes recordou logo que “vocês têm a arma da razão e o poder da sabedoria. Ainda possuem o frescor dos ideais, força que acompanhada pela fé é capaz de transformar o mundo”.

“Abracem os ideais de uma sociedade plural, onde todos tenham uma palavra e os extremos político-econômicos encontrem verdadeiro equilíbrio. Com a sua criatividade, vocês devem expor novos caminhos para alcançar ‘uma realização mais adequada do bem comum e da mesma democracia, segundo os princípios da solidariedade, da subsidiariedade e da justiça’”, expressou, citando o Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

Aos professores universitários, o Prelado assinalou que “sua tarefa neste momento é de suma importância. Como adultos, nós os convidamos a acompanharem os seus alunos em uma situação na qual a verdade se converte em algo difuso, pois esquecemos os absolutos categóricos para refugiar-nos, como sociedade dividida, em relatividades acomodatícias”.
Por sua parte, aos governantes locais, o Bispo da Cidade Guayana lhes recordou que “vocês foram estudantes universitários e abraçaram ideais, como jovens, que ainda hoje em dia constroem e defendem”.

“Sabem o que é a paixão juvenil e como ela pode ajudar a revitalizar a nossa sociedade. Com muita humildade, nós os convidamos a abrirem caminhos de diálogo com o mundo universitário da nossa cidade. Ambas as partes têm muito que contribuir à Cidade Guayana”.

Dirigindo-se à população em geral, o Prelado manifestou “que rechaçamos categoricamente o
uso da violência no presente conflito, de qualquer uma das partes envolvidas, assim como as violações aos direitos humanos que aconteceram durante estes dias”.

Além disso, assegurou que a Igreja local “continuará acompanhando esta situação desde seus diversos membros: sacerdotes, jovens e demais fiéis leigos, brindando a todos os envolvidos o apoio necessário para cumprir nossa missão social de acompanhar o povo”.

“Pedimos à Virgem Maria, sob o título de Imaculada Conceição do Caroní, que interceda
maternalmente para que o Espírito Santo ilumine a todos os atores políticos da nossa cidade e possamos encontrar caminhos que construam a verdadeira paz”, concluiu.

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