VATICANO, 23 de fev de 2014 às 19:14
O Papa Francisco criou ontem, dia em que a Igreja celebra a Festa da Cátedra de São Pedro, a 19 novos cardeais para a Igreja, e lhes recordou que a Igreja precisa de sua comunhão e colaboração, tanto com o Pontífice como entre eles, assim como de sua coragem para anunciar o Evangelho em toda ocasião.
O predecessor de Francisco, o hoje bispo emérito de Roma, também participou da cerimônia em sua primeira aparição pública depois de sua renúncia, em fevereiro de 2013.
Em sua homilia, o Santo Padre assegurou que “neste momento Jesus caminha à nossa frente. Ele está sempre à nossa frente. Precede-nos e abre-nos o caminho... E esta é a nossa confiança e a nossa alegria: ser seus discípulos, estar com Ele, caminhar atrás d’Ele, segui-Lo”.
“Quando eu e os Cardeais concelebramos juntos a primeira santa Missa na Capela Sistina, ‘caminhar’ foi a primeira palavra que o Senhor nos propôs: caminhar e, em seguida, construir e confessar”.
Francisco assinalou que “hoje volta aquela palavra, mas como um ato, como a ação de Jesus que continua: ‘Jesus caminhava…’ Isto é uma coisa que impressiona nos Evangelhos: Jesus caminha muito e instrui os seus discípulos ao longo do caminho”.
“Isto é importante. Jesus não veio para ensinar uma filosofia, uma ideologia... mas um ‘caminho’, uma estrada que se deve percorrer com Ele; e aprende-se a estrada, percorrendo-a, caminhando. Sim, queridos Irmãos, esta é a nossa alegria: caminhar com Jesus”.
O Papa advertiu que “isso não é fácil, não é cómodo, porque a estrada que Jesus escolhe é o caminho da cruz. Enquanto estão a caminho, fala aos seus discípulos do que lhe acontecerá em Jerusalém: prenuncia a sua paixão, morte e ressurreição. E eles ficam ‘surpreendidos’ e ‘cheios de medo’”.
“Surpreendidos, sem dúvida, porque, para eles, subir a Jerusalém significava participar no triunfo do Messias, na sua vitória – como se vê em seguida pelo pedido de Tiago e João; e cheios de medo, por causa daquilo que Jesus haveria de sofrer e que se arriscavam a sofrer eles também”.
Francisco destacou entretanto que “nós, ao contrário dos discípulos de então, sabemos que Jesus venceu e não deveríamos ter medo da Cruz; antes, é na Cruz que temos posta a nossa esperança. E, contudo, sendo também nós humanos, pecadores, estamos sujeitos à tentação de pensar à maneira dos homens e não de Deus”.
“E quando se pensa de maneira mundana, qual é a consequência? Diz o Evangelho: ‘Os outros dez indignaram-se com Tiago e João’. Indignaram-se! Se prevalecer a mentalidade do mundo, sobrevêm as rivalidades, as invejas, as facções…”.
Francisco refletiu também sobre Jesus que “ao longo do caminho, dá-se conta que há necessidade de falar aos Doze, para e chama-os para junto de Si. Irmãos, deixemos que o Senhor Jesus nos chame para junto de Si! Deixemo-nos ‘con-vocar’ por Ele. E ouçamo-lo, com a alegria de acolhermos juntos a sua Palavra, de nos deixarmos instruir por ela e pelo Espírito Santo para, ao redor de Jesus, nos tornarmos cada vez mais um só coração e uma só alma”.
“E, enquanto nos encontramos assim convocados pelo nosso único Mestre, ‘chamados para junto d’Ele’, digo-vos aquilo de que a Igreja precisa: precisa de vós, da vossa colaboração e, antes disso, da vossa comunhão comigo e entre vós”.
“A Igreja precisa da vossa coragem, para anunciar o Evangelho a tempo e fora de tempo, e para dar testemunho da verdade. A Igreja precisa da vossa oração pelo bom caminho do rebanho de Cristo; a oração – não o esqueçamos! – que é, juntamente com o anúncio da Palavra, a primeira tarefa do Bispo”.
Francisco indicou também que “a Igreja precisa da vossa compaixão, sobretudo neste momento de tribulação e sofrimento em tantos países do mundo. Exprimamos juntos a nossa proximidade espiritual às comunidades eclesiais e a todos os cristãos que sofrem discriminações e perseguições”.
“Devemos lutar contra todas as discriminações! A Igreja precisa da nossa oração em favor deles, para que sejam fortes na fé e saibam reagir ao mal com o bem. E esta nossa oração estende-se a todo o homem e mulher que sofre injustiça por causa das suas convicções religiosas”.
O Papa destacou logo que “a Igreja precisa de nós também como homens de paz, precisa que façamos a paz com as nossas obras, os nossos desejos, as nossas orações. Fazer a paz! Ser artesãos da paz! Por isso, invoquemos a paz e a reconciliação para os povos que, nestes tempos, vivem provados pela violência, a exclusão e a guerra”.
“Obrigado, Irmãos muito amados! Obrigado! Caminhemos juntos atrás do Senhor e deixemo-nos cada vez mais convocar por Ele, no meio do povo fiel, do santo povo fiel de Deus, da Santa Mãe Igreja. Obrigado! ”, concluiu.
Os 19 novos Cardeais
Os novos Cardeais criados pelo Papa Francisco sábado são: o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin; o Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri; o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Ludwig Müller; e o Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Beniamino Stella.
Também foram criados Cardeais sábado o Arcebispo de Westminster (Reino Unido), Cardeal Vincent Nichols; o Arcebispo de Managua (Nicarágua), Cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano; o Arcebispo de Québec (Canadá), Cardeal Gérald Cyprien Lacroix; o Arcebispo de Abidjan (Costa de Marfim), Cardeal Jean-Pierre Kutwa; o Arcebispo do Rio do Janeiro (Brasil), Cardeal Orani João Tempesta; e o Arcebispo da Perugia-Città della Pieve (Itália), Cardeal Gualtiero Bassetti.
Também receberam sábado o barrete, o anel cardinalício e a atribuição do título ou diaconia, o Arcebispo de Buenos Aires (Argentina), Cardeal Mario Aurelio Poli; e o Arcebispo de Seul (Coréia do Sul), Cardeal Andrew Yeom Soo Jung; o Arcebispo de Santiago (Chile), Cardeal Ricardo Ezzati Andrello; o Arcebispo de Ouagadougou (Burkina Faso), Cardeal Philippe Nakellentuba Ouédraogo; o Arcebispo de Cotabato (Filipinas), Cardeal Orlando B. Quevedo; e o Arcebispo dos Cayes (Haiti), Cardeal Chibly Langlois.
Três Arcebispos eméritos foram criados Cardeais pelo Papa Francisco sábado, e são o Ex-prelado do Santuário de Loreto (Itália) e ex-secretário pessoal do Beato João XXIII, Cardeal Loris Francesco Capovilla; o Arcebispo emérito da Pamplona (Espanha), Cardeal Fernando Sebastián Aguilar; e o Arcebispo emérito de Castries (Santa Luzia), Cardeal Kelvin Edward Felix.