ROMA, 25 de fev de 2014 às 09:21
No dia 13 de fevereiro passado, a Bélgica foi o segundo país do mundo depois da Holanda, em legalizar a eutanásia infantil, uma medida que escandalizou a numerosos especialistas no cuidado de menores com doenças terminais.
Branca López Ibor, oncóloga e pediatra espanhola e membro da Pontifícia Academia para a Vida, explicou recentemente em Roma em uma entrevista concedida ao grupo ACI que “a eutanásia não cabe em nenhum momento, porque é um sem-sentido tanto para os pais, quanto para a criança e para o médico”.
“Uma criança que pede uma eutanásia? A criança é um ser de pura esperança, elas querem curar-se e vivem o dia a dia como crianças, e os adolescentes também. É obvio que temos que atender a todos os seus sintomas físicos, mas temos remédios de sobra para tratar a dor, a ansiedade, a angústia e para todo este tipo de problemas, e a criança é uma criança, não é um câncer”, destacou.
“Quanto a todo este barulho que se está fazendo com a eutanásia infantil, pelo menos na minha especialidade, meu ponto de vista é que um câncer é uma parte do caminho na vida de uma criança, não é uma luta, não é que os médicos briguemos com uma doença, nem os pais, nem as crianças, mas é um mesmo caminho que percorremos juntos”.
O objetivo “de legalizar a eutanásia infantil –explicou López-, acredito que é o de gerar uma cultura, fazer que se fale disso, mas a realidade é que, ao lado do leito, os pais e os pediatras não nos encontramos com uma criança que pede uma eutanásia”.
“Tenho que dizer que nenhuma criança jamais me pediu nada que tenha a ver com a eutanásia, e os seus pais também não”, acrescentou.
López, que trabalha há anos no Hospital Universitário Madri Montepríncipe com jovens gravemente doentes e deficientes, assegurou também que as crianças “são muito mais maduras do que pensamos”, e “nunca nos pediriam uma eutanásia, especialmente quando estão doentes”.
“Os adultos têm muito o que aprender das crianças doentes” e “provavelmente necessitem prestar um pouco mais de atenção neles para compreender que querem continuar com suas vidas, que querem estudar, sair adiante e que sua vida realmente não está em suas mãos”.
A especialista, também especializada em filosofia, afirmou que diante dos casos mais graves e com menos probabilidades de cura só existe uma via: os cuidados paliativos.
“Curar e cuidar têm que fazer parte do trabalho e da vida de um médico desde o primeiro dia para ajudar –lhes a percorrer o caminho da doença. Certamente, quando não se pode curar, há muitíssimo que se pode cuidar e por isso os cuidados paliativos”, concluiu.