BUENOS AIRES, 14 de mar de 2014 às 10:46
“A eleição de Francisco é um fato que tem uma carga interpelante para nós, porque o fato de que o Papa venha da América Latina não é só motivo de legítimo orgulho”, assinalou o Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), Guzmán Carriquiry Lecour, e destacou que “não podemos seguir vivendo como se nada tivesse acontecido”.
Carriquiry destacou que a eleição do Santo Padre “também recarrega os pastores e os leigos de novas exigências e novas responsabilidades! A providência de Deus põe a Igreja na América Latina e os povos destas latitudes em uma nova prova, e temos que estar ao nível das exigências”, além disso, o “papel dos leigos é insubstituível lá onde é necessário transformar as estruturas e ordena-las segundo o Evangelho”.
A autoridade vaticana que visita a cidade de Buenos Aires (Argentina) para falar da exortação apostólica Evangelii Gaudium e os desafios que o continente enfrenta, sustentou em uma entrevista à Agência AICA que segundo a sua análise, o Pontífice pede aos católicos “levar a sério a verdade e a beleza da experiência cristã”.
Ao enfatizar o desejo do Papa com os leigos, disse que “quer que eles sejam muito mais coparticipantes de toda a vida e a missão da Igreja; quer que cresçam como discípulos e deem seu testemunho e anúncio como discípulos missionários, que são o sujeito fundamental que os bispos tiveram presente em Aparecida, e a quem o Papa dirige as grandes diretivas da exortação apostólica Evangelii Gaudium”.
Explicou que o Santo Padre deseja também que os leigos tenham participação nos conselhos pastorais paroquiais e diocesanos, mas, sobretudo, “quer que sejam protagonistas naqueles lugares onde está a vida e o destino das pessoas, das famílias e dos povos. Quer que saiamos ao encontro das periferias da sociedade e da existência”.
Refletiu que o Santo Padre está mostrando o que quer em concreto para os latino-americanos, e é “um salto de qualidade na nossa fé, que tem que ser anunciada a partir de uma muito maior proximidade, familiaridade e compenetração afetiva, que apenas o amor à vida do próprio povo, a escuta de seus clamores, de suas necessidades, de seus problemas pode dar”, e enfatizou “isso é o que está pedindo especialmente aos pastores”.
Afirmou que o Pontífice sempre pede a conversão pessoal e depois pede conversão pastoral, quer dizer, “superar toda autorreferencialidade, todo fechamento em nós mesmos e sair de nossas capelas reluzentes para compartilhar o Evangelho com nosso povo. Quer uma conversão de nossas estruturas que, se não, se tornarão caducas”.
“Finalmente, pede-nos uma conversão missionária: o Papa nos chama à conversão e ao anúncio nas periferias da sociedade e existenciais”, concluiu.