LIMA, 18 de mar de 2014 às 11:12
O Arcebispo metropolitano da igreja apostólica ortodoxa de Antioquia, Antonio Chedraui Tannous, denunciou que os cristãos na Síria são assassinados como se fossem animais, e diante disso a comunidade internacional “tapou os ouvidos e não quer escutar”.
Em declarações a José Gálvez Krüger, diretor da Enciclopédia Católica que faz parte do grupo ACI, Antonio Chedraui denunciou que “sem dúvida a igreja ortodoxa de Antioquia vive um martírio interminável: sequestro de dois arcebispos e alguns sacerdotes, matança de sacerdotes e de fiéis inocentes que não têm nada a ver com o que está acontecendo. Perseguições, destruição de Igrejas, assassinatos, etc… E o bárbaro é que matam os cristãos como se mata o animal, e tudo isso, em nome de Deus”.
“Pergunto-me: o que isso tem a ver com a luta pela democracia ou pela liberdade na Síria? Os criminosos, em sua maioria, são estrangeiros que vêm da Arábia Saudita, Chechênia, Turquia e outros países”.
O Arcebispo advertiu também que “o motivo do levantamento de alguns grupos na Síria não é contra o governo ou a favor da democracia”.
De acordo ao prelado ortodoxo, existe um “plano norte-americano e da União Europeia de evacuar todo o Oriente Médio dos cristãos. Em 1973, queriam começar com o Líbano e se armou uma guerra civil dois anos depois, e quando não tiveram a sorte de cumprir este objetivo, o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush invadiu o Iraque”.
“E assim, de quatro milhões de cristãos iraquianos, ficaram no país de 400 a 500 mil no máximo. E estes só não saíram por razões financeiras: se tivessem tido dinheiro, teriam saído anos atrás”.
O Arcebispo Chedraui assinalou que se os rebeldes lutassem pela democracia “seriam Sírios e não mercenários estrangeiros”.
O Ocidente, com os Estados Unidos à cabeça junto à França, criticou, “tapou-se os ouvidos e não quer escutar. Falam do direito de ‘autodeterminação dos povos’, mas não aceitam que se façam eleições ou que se faça plesbicito como é o caso da Ucrânia. Na Síria, não deixam a população escolher o regime constitucional conveniente”.
“Eu acho que se o Ocidente e outros países como a Arábia Saudita e Turquia não tivessem intervindo mandando dinheiro e armas, não teríamos o que temos hoje no Oriente Médio; e isso que às Nações Unidas, recebendo ordens dos Estados Unidos, pouco lhes interessa os direitos humanos e muito menos os dos cristãos do Oriente Médio”.
Antonio Chedraui assinalou que “há sessenta anos a política dos Estados Unidos foi injusta com os países do Meio Oriente e, particularmente, com os cristãos desta região. Por isso o Senhor Obama- da mesma forma que o seu antecessor o Sr. Bush- tem uma grande responsabilidade com sociedade humana”.
“Todo mundo acreditava que o Sr. Obama ia mudar a política agressiva e torta do Sr. Bush, mas, infelizmente, o presidente Obama se saiu pior que o anterior, está indo exterminar os cristãos do Meio Oriente pelo maldito petróleo: se não fosse pelo ouro negro, não teríamos nenhuma das desgraças que temos agora”.
O prelado precisou que “não posso dizer que o Islã, em si mesmo, seja uma religião de ódio. Do contrário, o profeta Mohamed não teria pedido ao seu povo que respeitasse os seguidores da Bíblia”.
“Mas do Islã saíram uns fanáticos”, criticou, que “não têm nada a ver com o amor, a religião, ou a fé. A religião é fonte de amor e, pelo contrário, o fanatismo é fonte de ódio”.
“A convivência com os fanáticos me parece impossível; porém, entre os muçulmanos moderados e cristãos, é possível e agradável”, assegurou.
Ao ser consultado se o Patriarca da Igreja ortodoxa de Antioquia, Sua Beatitude João X, se reunirá com o Papa Francisco na viagem que este realizará à Terra Santa, o Arcebispo Chedraui indicou que embora “muitas razões políticas e eclesiais” impeçam a sua assistência, tratar-se-á de “uma decisão dele, vamos ver o que decidirá no Santo Sínodo Antioquenho”.
O prelado ortodoxo recordou também que “o Santo Sínodo de Antioquia se expressou a favor da aproximação e a união de todos, e graças a Deus no Líbano e nas Américas têm as melhores relações com a nossa Igreja irmã, a Igreja Católica Romana e sempre rezamos pela nossa verdadeira união”.
“Eu pessoalmente, tenho uma admiração especial por Sua Santidade e sempre recordado o Papa João XXIII que, apesar de tudo, rompeu o muro de ódio que separou a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa; e obviamente, não posso esquecer de Sua toda Santidade e sempre recordado, o Patriarca Atenágoras, Patriarca de Constantinopla, que lutou muito (junto) com o Papa João XXIII e seu sucessor o Papa Paulo VI, e jamais esquecerei o encontro histórico em Jerusalém”.
Em sua opinião, disse o Arcebispo, “já deve terminar o período dos gestos e protocolos. As duas Igrejas têm que tirar tudo o que impede a verdadeira aproximação entre elas começando a buscar a união, já que há uns tremendos perigos que ameaçam a todos e a cada um de nós”.
“Está o exemplo na Síria: o fanatismo não distingue entre sacerdotes ortodoxos e romanos já que mataram a ambos”.
“Todos juntos temos que nos mover com amor para enterrar o ódio porque o cristianismo, é uma mensagem de amor e paz”, remarcou.