ROMA, 28 de mar de 2014 às 05:52
A pequena Jersey Vargas, de 10 anos de idade, viajou dos Estados Unidos até o Vaticano para reunir-se com o Papa Francisco e pedir que interceda junto ao presidente Barack Obama para que não deportem seu pai, um imigrante indocumentado, quem ela não vê há mais de dois anos.
“Quando conheci papa me alegrei muito, porque ele me abençoou e me disse que vai falar com nosso Presidente Obama nos Estados Unidos”, explicou a pequena Jersey em declarações ao grupo ACI poucos minutos depois de seu encontro com o Pontífice.
Jersey chegou ao Vaticano no dia 27 de março pela manhã para participar da Audiência Geral que cada quarta-feira celebra o Santo Padre na Praça de São Pedro. Ali se fez porta-voz de um grupo de 17 organizações em defesa dos imigrantes nos Estados Unidos que solicitam ao presidente Obama rever as deportações que separa anualmente centenas de famílias latino-americanas.
O chamado ocorreu um dia antes da visita do presidente norte-americano, que se reuniu com o Pontífice no Palácio Apostólico do Vaticano.
“Precisava conhecer o Papa Francisco para explicar minha situação e a do meu papai. Ele agora está em outro estado nos Estados Unidos, com ordem de deportação e tenho muito medo de que o possam deportar”, afirma Jersey.
A menina explica que se pudesse conhecer o presidente Obama “pediria que por favor escute o Papa Francisco, porque agora tem uma notícia muito importante que dar. Meu pai e outros milhares de crianças e suas famílias estão em suas mãos, ele tem que nos ajudar. É injusto que ele possa estar com suas filhas enquanto nós temos que nos separar dos nossos pais”.
A jovem Jersey entregou também ao Papa Francisco 1.500 cartas de crianças que, ao igual a ela, vivem com a tristeza de poder serem separados de seus pais pelas leis migratórias do país.
“Disse ao Papa que por favor nos ajude, porque nós estamos sofrendo. Eu nasci nos Estados Unidos, mas meus pais são mexicanos. Meu papai é muito trabalhador, ele nunca descansa. Quando vinha muito tarde e eu olhava suas mãos que sempre estavam cheias de cimento e pó”, acrescentou.
Em declarações ao grupo ACI, outra das ativistas, Alicia Flores, diretora da Irmandade Mexicana Transnacional em Califórnia (EUA), explicou que Jersey é uma menina muito valente que “veio até o Vaticano por uma causa, e não só pede por ela, mas também por outros milhões de crianças que também estão sofrendo a mesma situação”.
Flores explicou ainda que em seu programa eleitoral, o presidente Obama prometeu assinar a reforma migratória em seu primeiro ano de mandato, mas “já vão seis anos e não o fez. Ele deportou mais de duas milhões de pessoas”, lamentou.
“Obama pode dar uma ordem executiva de parar as deportações mas não o fez. Então não há desculpa para que ele siga separando famílias e fazendo crianças como Jersey sofrer”.
Durante a visita do presidente americano ao Vaticano, os ativistas –que contam com o respaldo do Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez-, manifestaram-se pacificamente nas proximidades para reivindicar o direito dos crianças americanas, filhas de imigrantes, a crescerem em um ambiente feliz e por consequência com sua família, sem medo de serem separados de seus familiares pela deportação.