A Livraria Editrice Vaticano enviou uma carta à editorial ATS Itália exigindo a retirada imediata das lojas de umas imagens de João Paulo II impressas ao estilo das bênçãos papais tradicionais, que incluem um versículo tirado de uma versão protestante da bíblia que troca o nome de Deus por “Jeová”.

Centenas de peregrinos de língua espanhola que estão em Roma para participar neste próximo domingo nas canonizações de João Paulo II e João XXIIII manifestaram desgosto e surpresa ao ver a versão em espanhol da bênção de João Paulo II em venda nas principais lojas religiosas.

A imagem, decorada como as tradicionais bênçãos papais feitas a pedido, leva a foto do recordado Pontífice polonês, sob a qual está o título “São João Paulo II”. Ao título segue a conhecida oração de bênção de Números 6,24-26: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz!”.

A desagradável surpresa é que na oração, a palavra “Senhor” –que é a indicada pela Igreja para utilizar-se em vez da fórmula “Yahveh”- foi substituída pelo termo protestante e falso de Jeová”.

A bênção foi impressa pela empresa ATS Itália Editrice (http://www.atsitaliashop.it/), e os créditos que aparecem em letra diminuta na parte inferior esquerda, indica-se que o texto está sob “licença da Livraria Editrice Vaticano”; quer dizer, a casa editorial oficial do Vaticano.

O diretor da Libreria Editrice Vaticano, Pe. Giuseppe Costa, explicou ao grupo ACI que a empresa responsável por imprimir as bênçãos "envolveu a Livraria em um assunto que não lhe corresponde, dado que uma passagem bíblica não é propriedade desta entidade, mas responsabilidade direta e exclusiva do impressor".

O Pe. Costa lamentou o uso de uma tradução bíblica protestante, e assinalou que enviou uma carta à empresa exigindo que se retire imediatamente da venda as "bênçãos" que implicam à Livraria Editrice Vaticano "que jamais viu nem aprovou o texto bíblico incorretamente utilizado".

O grupo ACI conversou com alguns peregrinos de fala hispana que se encontravam nas principais lojas de objetos e lembranças religiosas nos arredores do Vaticano como a livraria Ancora e as lojas Comandini, Turella e Soprani. A maioria expressou decepção, especialmente quando as versões em inglês e italiano utilizam respectivamente “The Lorde” e “Il Signore” (“O Senhor”) e não o termo bíblico inventado pelos protestantes.

“É decepcionante vir a Roma e encontrar-se com que a bênção em espanhol de João Paulo II é protestante”, disse Denise, uma peregrina da Costa Rica que se encontrava comprando presentes e lembranças em Soprani. “Acredito que terminarei comprando cópias em italiano para meus amigos e familiares”, adicionou.

“Fiquei gelada, não esperava isto”, disse uma religiosa venezuelana que estava comprando centenas de terços e numerosas imagens pequenas de João Paulo II em Comandini, no famoso Borgo Pio. “Não penso comprar as bênçãos que dizem ‘Jeová’, depois de passar anos explicando nas catequeses que este é um termo incorreto, inventado pelos evangélicos”, adicionou.

A cinco dias das canonizações de João Paulo II e João XXIII, Roma já vive um estado de efervescência com a presença crescente de peregrinos enchendo lojas, serviços e restaurantes.
Conforme recorda a Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas, “Jeová é uma palavra incorreta ou má interpretação do nome de Deus”.

“A palavra ‘Jeová’ não existiu até o ano 1000 de nossa era. A razão disto é que o Antigo Testamento estava escrito somente com as puras letras consoantes, as vocais não se escreviam, mas se sabiam e usavam graças à tradição. Em realidade muitos povos semíticos antigos faziam isso com seus escritos, pois o forte deles no processo de comunicar-se não era precisamente a escritura, mas a linguagem oral ou de palavra”.

“Certamente, Charles Rusell, que foi o fundador das Testemunhas de Jeová em 1876, não sabia nada de tudo isto, e por isso o colocou como um distintivo de quem supostamente usaria o verdadeiro nome de Deus, mas saiu justamente o contrário, porque promovem o nome mais incorreto. Esta é a primeira razão pela qual não a usamos na Igreja Católica”, adiciona.

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