Vaticano, 8 de mai de 2014 às 10:27
“Um milagre acontecido na vida de uma criança dentro do seio materno é algo extraordinário que nos diz que há uma vida aí e que Deus quer protege-la desde a concepção”, explicou o Padre Antonio Marrazzo, postulador da Causa de Canonização do Papa Paulo VI, ao confirmar que só falta a aprovação do Papa Francisco para definir a data da beatificação do Papa Montini.
O postulador confirmou que foi realizada uma reunião dos cardeais e bispos pertencentes à Congregação para as Causas dos Santos no dia 5 de maio, e explicou ao grupo ACI que “agora nos resta esperar que o Prefeito –Cardeal Angelo Amato-, apresente o milagre ao Santo Padre, e que este o aprove e promulgue o decreto para proclamá-lo beato”.
Embora algumas fontes italianas assegurem que a data para a beatificação será o próximo 19 de outubro, não há até o momento uma confirmação oficial do Vaticano. “O Papa é o último juiz nesta causa, ele tem a última palavra. Podemos fazer muitas hipóteses, mas até que o Papa Francisco não promulgue o decreto do milagre, não se pode falar de beatificação”, acrescentou o Pe. Marrazzo. Sendo assim, a data para a beatificação seria escolhida pelo Papa Francisco, pela Secretaria de Estado e pelo Bispado de Brescia, Itália, diocese onde nasceu Paulo VI.
A milagrosa cura dentro do ventre materno
O milagre ocorreu na Florida, Estados Unidos, em 2001 e seu protagonista é uma criança que, na 24ª semana de gestação, encontrava-se em um estado crítico. Exames médicos diagnosticaram a ruptura da bexiga, com ascite, presença de líquido no abdômen, e Oligo-hidrâmnio, ausência de líquido no saco amniótico. Toda tentativa terapêutica resultou ineficaz para resolver a sua situação.
O diagnóstico foi severo. Era muito provável que a criança morresse dentro do útero ou que nascesse com uma insuficiência renal grave. O ginecologista ofereceu à mãe gestante a opção de abortar, mas a mulher não aceitou a proposta.
Seguindo o conselho de um amigo da família e de uma religiosa da Caridade de Santa Maria Bambina, que tinham conhecido o Papa Paulo VI, colocaram sobre o ventre da mulher uma imagem do Pontífice com uma relíquia e invocaram a sua intercessão.
À 34ª semana de gravidez os novos exames demonstraram que o quadro clínico da criança tinha melhorado e no momento do nascimento –um parto por cesárea na 39ª semana–, o bebê demonstrou boas condições e foi capaz de respirar e chorar.
“Foi um milagre em sintonia com o magistério do Papa Paulo VI e a defesa da vida, e muito interessante –continuou o Pe. Marrazzo-, porque nos diz que Deus nos protege desde o seio materno, desde o momento em que a vida começa. Para Deus a vida humana é um valor não manipulável, não descartável, é um valor, porque Deus nos dá um valor”.
Com efeito, o Papa Montini passará à história entre muitas coisas por escrever a Humanae Vitae, a visionária encíclica sobre a defesa da vida e da família. O menino, cujo nome e localização exatos se reservam por questões de privacidade, foi acompanhado durante os últimos anos por médicos especialistas e demonstrou ao longo dos anos um correto desenvolvimento psicofísico e um funcionamento normal de suas funções renais. No dia 12 de dezembro de 2013 a consulta médica da Congregação para as Causas dos Santos confirmou por unanimidade a cura inexplicável, enquanto que no dia 18 de fevereiro o Congresso de teólogos desta congregação reconheceu unanimemente a intercessão do Papa Paulo VI.
Outras graças atribuídas a Paulo VI
Por ultimo, o Pe. Marrazzo assegurou que o Papa Paulo VI continua intercedendo por muitas graças associadas a problemas familiares e de saúde, e as cartas continuam chegando desde todas partes do mundo, especialmente da zona próxima a Concesio, Brescia, a casa onde nasceu o Papa Montini.
“Podemos dizer que Paulo VI continua o seu magistério diário do céu, a causa está avançando da maneira correta, mas não se pode esquecer que é Deus quem faz o milagre, não os santos, eles são os que intercedem diante de Deus”, concluiu.
O Papa Paulo VI, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, nasceu em Lombardia em 26 de setembro de 1897 e marcou a história por concluir os trabalhos do Concílio Ecumênico Vaticano II, iniciado por São João XXIII, e também pela publicação de sete encíclicas que servem como apoio para a guia da Igreja.
Morreu em Castel Gandolfo, em 6 de agosto de 1978, festa da Transfiguração do Senhor. Espera-se que nos próximos dias o Papa Francisco promulgue a aprovação do decreto que o elevaria aos altares.