Vaticano, 8 de mai de 2014 às 16:40
O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira a Sua Santidade Karekin II Patriarca Supremo e Catholicós de todos os Armênios, e lhe recordou o martírio armênio do século XX afirmando que este e outros ocorridos nas últimas décadas fizeram com que as Igrejas vivam um “ecumenismo do sofrimento” e que o sangue dos mártires tenha se convertido em semente para a unidade dos cristãos.
“É uma graça especial poder encontrar-nos aqui, perto do túmulo do apóstolo Pedro e compartilhar um momento de fraternidade e de oração”, expressou o Papa ao líder armênio.
“Quero recordar aqui outra celebração densa de significado na qual Sua Santidade tomou parte: a Comemoração das Testemunhas da Fé do século XX durante o Grande Jubileu do ano 2000. Na verdade, o número de discípulos que derramaram seu sangue por Cristo nos trágicos acontecimentos do século passado é certamente superior ao dos mártires dos primeiros séculos e, neste martirologio os filhos da nação armênia ocupam um lugar de honra”.
“O mistério da cruz, tão amado pelo seu povo, representado nas esplêndidas cruzes de pedra que enfeitam todos os cantos de sua terra, viveram-no inumeráveis filhos como participação direta no cálice da Paixão. Seu testemunho, tão alto como trágico, não deve ser esquecido”, manifestou o Papa.
Nesse sentido, afirmou que “os sofrimentos padecidos pelos cristãos nas últimas décadas também deram uma contribuição única e inestimável à causa da unidade entre os discípulos de Cristo. Como na Igreja antiga o sangue dos mártires se converteu em semente de novos cristãos, assim em nossos dias o sangue de muitos cristãos se converteu em semente de unidade”.
“O ecumenismo do sofrimento, o ecumenismo do martírio, o ecumenismo do sangue é um poderoso convite a caminhar pela estrada da reconciliação entre as Igrejas, com decisões e confiante abandono à ação do Espírito. Sintamos o dever de percorrer este caminho de fraternidade também por débito de gratidão que temos com o sofrimento de tantos irmãos nossos”, expressou.
O Santo Padre também agradeceu a Karekin II seu apoio efetivo ao diálogo ecumênico e, em particular, aos trabalhos da Comissão conjunta para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas orientais, assim como pela notável contribuição teológica nessa sede da Circunscrição de todos os Armênios.
“Rezemos uns pelos outros para que o Espírito Santo nos ilumine e guie para o dia, tão desejado, em que possamos compartilhar a mesa eucarística. E que interceda pelo povo armênio, agora e por sempre, a Toda Santa Mãe de Deus”, culminou Francisco, quem posteriormente foi com Karekin II à capela Redemptoris Mater para rezar juntos.
Os laços entre a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja de Roma se consolidaram nos últimos anos graças a eventos como a viagem de João Paulo II a Armênia em 2001, a presença do Patriarca no Vaticano em diversas ocasiões como a visita oficial a Bento XVI em 2008 ou o início do ministério de Francisco como Bispo de Roma em 2013.