Lima, 22 de mai de 2014 às 13:47
O Dr. René Flores, médico psiquiatra e fundador da Sociedade Peruana de Sexologia Médica, desmentiu o conhecido oncologista Elmer Huerta, que afirmou em uma coluna de opinião que a homossexualidade é genética.
O Dr. Huerta, oncologista peruano que mora nos Estados Unidos, é conhecido no Peru por sua frequente participação nos meios de comunicação. No meio do debate sobre a legalização das uniões homossexuais no Peru, assegurou no jornal El Comércio que “para a ciência a orientação sexual é genética”.
Huerta também qualificou as “terapias de reconversão” como “uma violação dos princípios éticos da atenção da saúde” e disse que “infringem os direitos humanos das pessoas afetadas”.
“Esses ‘centros de mudança de orientação sexual’ são o equivalente moderno às surras que esses pais ignorantes davam nos seus filhos quando ficavam sabendo que tinham uma orientação sexual diferente, segundo eles para ‘corrigi-los’”, escreveu o médico.
Em resposta, Flores, que já foi chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade Cayetano Heredia e Vice Decano do Colégio Médico do Peru, publicou um artigo chamado “A Ciência Explica: O Dr. Elmer Huerta não sabe bem o que diz”.
O Dr. Flores indicou que “para começar, o título (da coluna original de Huerta) não deveria ter sido ‘a ciência explica’ mas a ciência tenta explicar e não consegue. Esta foi uma ocasião para que o Dr. Huerta tivesse sido mais prudente e não afirmasse coisas que estão em pleno debate científico sem esclarecimento até a data”.
“Está claro que o colega não tem a preparação para escrever sobre este tema. Este é um problema altamente especializado e é muito provável que o doutor nunca tenha tratado um homossexual em sua carreira profissional”, assinalou.
Para o médico psiquiatra, a publicação de Huerta no jornal “tem muitas imprecisões, desinformação e afirmações sem fundamento”.
“Por exemplo, não é verdade que está comprovado que a terapia de reorientação sexual seja daninha para os pacientes. Uma investigação do conhecido psiquiatra americano Robert L. Spitzer demonstrou o contrário em 2001”.
Spitzer, recordou Flores, “é muito conhecido porque promoveu a remoção da homossexualidade da classificação de transtornos emocionais da Associação Psiquiátrica Americana, o que se conseguiu apenas parcialmente. Depois, no estudo mencionado, teve que retratar-se”.
“A OMS (Organização Mundial da Saúde) nestes temas não é confiável, o Dr. Huerta deve saber disso, porque está dirigida pelos países ‘liberacionistas sexuais’ e a OPS (Organização Pan-americana de Saúde) pelos Estados Unidos com a mesma visão ideológica. De outra parte, a sanção ética para quem trate homossexuais faz tempo que foi retirada, por transgredir a livre decisão das pessoas”.
O Dr. René Flores precisou também que Elmer Huerta “se equivoca também ao citar os estudos do ‘lnstituto de Genética Molecular…’ e a publicação do Nature’ ou qualquer outro estudo conhecido, dado que nenhum pôde demonstrar a origem genética da homossexualidade. É possível que o seja em parte, mas não está demonstrado”.
“O Dr. Huerta não tem ideia dos tratamentos dos problemas da orientação sexual e na sua desinformação os compara com ‘surras de pais ignorantes’. Está escrevendo sobre coisas que desconhece”.
Flores acrescentou que as “sociedades fechadas” às que Huerta se refere “não são causa necessária dos problemas emocionais das pessoas com desordens da orientação sexual. Há um estudo na Holanda que parece demonstrar que esses transtornos emocionais coincidem com o problema sexual”.
“Eu diria ao colega que leve em consideração que a diversidade não é boa, nem má, nem doente, nem saudável. Há diversidades de diferentes tipos, sãs e doentes. Basta olhar os âmbitos da biologia, da bioquímica, da personalidade e da mesma cultura”.
“O colega diria que é boa ou sã a diversidade de amputar as genitálias a uma mulher nos países da África?”, questionou Flores.