Vaticano, 26 de mai de 2014 às 11:07
Na Igreja do Getsêmani em Jerusalém (Israel), em seu discurso aos sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas, o Papa Francisco fez oito urgentes perguntas sobre a fidelidade das pessoas que entregam a sua vida ao serviço do Senhor.
O encontro se realizou após a bênção de um tabernáculo destinado à igreja dos Legionários de Cristo na Galileia, na área arqueológica de Magdala; e depois de reunir-se novamente com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, com quem ontem assinou uma declaração conjunta sobre a unidade dos cristãos.
No discurso na Igreja do Getsêmani, localizada muito perto ao Horto das Oliveiras onde Jesus rezou antes de ser crucificado, o Santo Padre disse que “encontramo-nos neste lugar santo, santificado pela oração de Jesus, pela sua angústia, pelo seu suor de sangue; santificado sobretudo pelo seu «sim» à vontade amorosa do Pai. Quase sentimos temor de abeirar-nos dos sentimentos que Jesus experimentou naquela hora; entramos, em pontas de pés, naquele espaço interior, onde se decidiu o drama do mundo”.
O Papa Francisco recordou logo que os discípulos tiveram diversas atitudes ante o Mestre, e por isso é bom que nós “bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, seminaristas , nos perguntemos neste lugar: Quem sou eu perante o meu Senhor que sofre?”
“Sou daqueles que, convidados por Jesus a velar com Ele, adormecem e, em vez de rezar, procuram evadir-se fechando os olhos frente à realidade?”
“Reconheço-me naqueles que fugiram por medo, abandonando o Mestre na hora mais trágica da sua vida terrena?”
“Porventura há em mim a hipocrisia, a falsidade daquele que O vendeu por trinta moedas, que fora chamado amigo e no entanto traiu Jesus?”
“Reconheço-me naqueles que foram fracos e O renegaram, como Pedro? Pouco antes, ele prometera a Jesus segui-Lo até à morte; depois, encurralado e dominado pelo medo, jura que não O conhece.”.
“Assemelho-me àqueles que já organizavam a sua vida sem Ele, como os dois discípulos de Emaús, insensatos e de coração lento para acreditar nas palavras dos profetas?”
“Ou então, graças a Deus, encontro-me entre aqueles que foram fiéis até ao fim, como a Virgem Maria e o apóstolo João? No Gólgota, quando tudo se torna escuro e toda a esperança parece extinta, somente o amor é mais forte que a morte. O amor de Mãe e do discípulo predilecto impele-os a permanecerem ao pé da cruz, para compartilhar até ao fundo o sofrimento de Jesus”.
“Reconheço-me naqueles que imitaram o seu Mestre e Senhor até ao martírio, dando testemunho que Ele era tudo para eles, a força incomparável da sua missão e o horizonte último da sua vida?”
Após as oito perguntas dirigidas aos bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas, o Papa Francisco recordou que “a amizade de Jesus por nós, a sua fidelidade e a sua misericórdia são o dom inestimável que nos encoraja a continuar, com confiança, a segui-Lo, apesar das nossas quedas, erros e traições”.
“Todavia esta bondade do Senhor não nos isenta da vigilância frente ao tentador, ao pecado, ao mal e à traição que podem atravessar também a vida sacerdotal e religiosa. Sentimos a desproporção entre a grandeza da chamada de Jesus e a nossa pequenez, entre a sublimidade da missão e a nossa fragilidade humana. Mas o Senhor, na sua grande bondade e infinita misericórdia, sempre nos toma pela mão, para não nos afogarmos no mar do acabrunhamento”.
Jesus, continuou o Santo Padre, “está sempre ao nosso lado, nunca nos deixa sozinhos. Portanto, não nos deixemos vencer pelo medo e o desalento, mas, com coragem e confiança, sigamos em frente no nosso caminho e na nossa missão”.
“Vós, amados irmãos e irmãs, sois chamados a seguir o Senhor com alegria nesta Terra bendita! É um dom e uma responsabilidade. A vossa presença aqui é muito importante; toda a Igreja vos está agradecida e apoia com a oração”.
Para concluir, o Pontífice alentou a imitar à Virgem Maria e a São João, “permanecendo junto das muitas cruzes onde Jesus ainda está crucificado. Esta é a estrada pela qual o nosso Redentor nos chama a segui-Lo”. “Se alguém Me serve, que Me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo”.
Para ler o discurso na íntegra, ingresse em: http://www.acidigital.com/noticias/na-integra-discurso-do-papa-francisco-a-sacerdotes-religiosos-e-seminaristas-na-igreja-do-getsemani-26470/