Vaticano, 20 de jun de 2014 às 11:07
Que o Papa Francisco gosta de futebol não é segredo. É argentino e como membro do São Lorenzo Futebol Clube, o Pontífice não oculta sua afeição pelo esporte e a mensagem que dirigiu ao início do Mundial de Futebol FIFA teve uma enorme repercussão. Sobre este grande interesse do Papa, Santiago Pérez de Camino Gaisse, responsável pela Seção “Igreja e Esporte” do Conselho Pontifício para os Laicos, explicou ao grupo ACI/EWTN o sentido da atitude do Pontífice.
“Certamente, este Mundial está marcado no nível espiritual pela mensagem do Papa Francisco, um grande aficionado ao futebol e que insistido na necessidade de evangelizar através do esporte”, explicou Pérez em uma entrevista cedida em Roma.
Do mesmo modo, lamentou a polêmica pela celebração do Mundial e as desigualdades sociais que atravessa o Brasil e as manifestações violentas em pleno mundial. “A Copa não é a causa da desigualdade no país. As desigualdades existem, haja mundial ou não. E sobre elas o país tem que fazer o possível para melhorar ”,sublinhou.
Neste sentido, indicou que “é justo e necessário que se reflita sobre como se investe o dinheiro do país e como se distribui o orçamento. A Copa do Mundo não é só gasto, também contribui com lucros ao país, cria empregos e gera negócio. Mas o que o governo deve controlar é que a Copa do Mundo não sirva como desculpa para criar injustiças ou focos de corrupção”.
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“Possivelmente há um ponto sobre o qual não se fixou o olhar. E é que no passado, lamentavelmente, os mundiais às vezes levavam ao esquecimento dos problemas de um país. Era um momento onde só se olhava para um lado e se esquecia de todo o resto. O povo brasileiro vive estes anos um momento histórico. A Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo, eleições em outubro, um novo presidente em 2015 quando celebrará 30 anos de democracia, os Jogos Olímpicos em 2016… A diferencia de outras ocasiões, o povo brasileiro soube olhar além do acontecimento esportivo fazendo uma reflexão não só em nível nacional mas também internacional. E isto acredito que é positivo”, afirmou.
Por último, em referência à atitude dos jogadores no campo, Pérez de Camino considerou que é necessário criar um jogo limpo, e que aquele jogador que suja uma partida com uma atitude desonrosa não é um verdadeiro esportista.
“O 'jogo limpo' é uma característica essencial do esporte. Poderia dizer-se que é viver o esporte com humanidade. Ser esportivo. A pessoa que não vive e pratica o esporte como um meio para fazer valer sua dignidade como pessoa e fazer valer a de outros mas passa por cima deles e busca exclusivamente seu próprio êxito, que não cuida seu corpo e utiliza 'caminhos mais fáceis' para obter o êxito, não é um verdadeiro esportista”.
Um verdadeiro esportista dá o melhor de si para ganhar, mas não a costa do contrário”, concluiu.