Antes de entrar, frei José García, que serve de guia na visita ao menor convento do mundo, adverte: “Este mês temos uma oferta especial: as três primeiras cabeçadas nas portas são grátis, a quarta nós cobramos”.

Aos dez minutos, conta Armando Rubén Puente para a agência AICA de notícias católicas, um dos que o seguimos no percurso pelo convento de la Concepción de El Palancar, Espanha, efetivamente se golpeia contra uma das entradas (sem portas) que medem um metro e meio de altura por um de largura.

Foi São Pedro de Alcântara (1499-1562), religioso franciscano, que fez no ano 1557 este convento, o menor do mundo, medindo apenas 72 metros quadrados. “O conventino” virou o apelido do lugar na província de Cáceres, Espanha.

Lá, São Pedro da Alcántara passou os últimos anos de sua vida, levando a pobreza e austeridade da ordem dos franciscanos descalços a um grau extremo, vivendo em uma cela na qual é impossível estar de pé, nem deitado: só se pode estar ali de joelhos ou sentado sobre uma pedra, apoiado em um tronco e diante de uma cruz de madeira.

Conta Santa Teresa de Jesus que durante 40 anos o santo só dormia uma hora e meia por dia, sentado sobre a pedra, apoiando a cabeça no tronco. Ali o santo, que media um metro e oitenta, não tinha como deitar-se nem repousar em outra posição.

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Frei José contou que este é “um convento dentro de outro convento”, pois atualmente está dentro do recinto de outro convento moderno, que conta com 20 habitações que podem albergar pessoas –geralmente jovens– que vão até lá para passar uns dias de retiro espiritual.

“São Pedro de Alcântara mandou construir este convento depois de levar mais de quarenta anos como frade, e o fez para que fosse um freio à ambição e à fantasia das pessoas. Estamos falando do Século de Ouro, e o nome de ouro não era uma metáfora; era realmente a paixão dos homens daquela época, como segue sendo agora”.

O imperador Carlos V pediu que o santo fosse seu confessor, quando ele já tinha renunciado ao poder e se encerrou em Yuste, mas o frade preferiu levar uma vida de ermitão neste local junto a sete outros frades que ocuparam o minúsculo convento, onde a sala maior –de 5 por 3 metros– servia de refeitório e lugar de reunião.

A outra “sala”, por dizer assim, que mede 5 por 3 metros, era a capela. Uma dezena de celas –a menor das quais era a do santo– e uma cozinha minúscula iluminada por um buraco na parede que servia de janela, completavam o convento, que tinha no centro um pátio, “o jardim”, de 3 x 3 metros.

Os visitantes do menor convento do mundo escutam a história com incredulidade, como se tudo o que lhes dissessem os quatro frades que hoje o cuidam fosse uma quimera. Mas o silêncio e a paz do lugar terminam por fazer-lhes sentir –ou ao menos intuir– que realmente há outras formas de viver, distintas às que nós, habitantes das grandes cidades do século XXI, estamos acostumados.