MADRI, 16 de jul de 2014 às 14:32
Conforme informa Ajuda à Igreja que Sofre os líderes cristãos do Iraque fizeram um apelo à União Europeia para que ajude seu país a evitar uma guerra civil. Os Chefes de Estado dos países membros da UE debaterão hoje, 16 de julho, uma política comum em relação à crise do Iraque.
Levando em consideração o agravamento da situação no Iraque, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre convidou uma delegação presidida por Sua Beatitude Louis Raphaël Sako, Patriarca da Igreja católica caldeia, a visitar Bruxelas. O Patriarca Sako, acompanhado pelo Arcebispo católico sírio de Mossul, Yohanna Petros Mouche, e pelo Arcebispo católico caldeu de Kirkuk, Yousif Thomas Mirkis se reuniram com o Presidente do Conselho da UE, Herman Van Rompuy, assim como com membros da Comissão e do Parlamento Europeu.
O Patriarca Sako falou com os representantes da União Europeia sobre a debilitada situação da minoria cristã, que é extremamente difícil, e se não houver uma solução pacífica “os cristãos serão apenas uma presença simbólica no país. Caso este êxodo continue, terminará a história do cristianismo no Iraque”.
O Patriarca assegurou que os cristãos continuam fugindo dos territórios controlados por jidahistas militantes ao norte do país, apesar de que “até agora não foram atacados como grupo. Os muçulmanos também fogem e encontram refúgio nos povoados vizinhos, em casas de famílias cristãs e em edifícios da Igreja".
A delegação expôs que a comunidade cristã apesar da sistemática perseguição ao longo dos 19 séculos de sua existência, continua desenvolvendo um papel construtivo nas negociações entre as partes deste conflito de caráter religioso, facilitando as relações com a comunidade internacional. Os cristãos, que não tomam partido por nenhuma das partes e que promovem soluções não violentas, costumam assumir um papel mediador entre os diferentes atores do conflito e se esforçam por estabelecer pontes mediante o diálogo. “Temos fama de sermos mediadores desinteressados, que buscamos apenas o bem do país. Quando os grupos em conflito se negam a reunir-se fora e os convidamos para conversar nas nossas Igrejas, então eles vêm".
Tunne Kelam, do Partido Popular Europeu, afirmou que a crise do Iraque fez com que a situação dos cristãos no Oriente Próximo ganhe um maior espaço na preocupação dos políticos da UE: “Não podemos continuar sendo indiferentes com sua situação. A UE deve fazer tudo o que seja possível para ajuda-los com a finalidade de colocar as bases para que os cristãos, grupo da população mais antigo conhecido nessa região, possam continuar vivendo lá em igualdade de condições e com respeito mútuo".
Apesar do seu papel vital como elo na sociedade iraquiana, a falta de segurança e o aumento do sectarismo fizeram com que a comunidade cristã se converta em uma sombra do que era. Antes da invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003, havia no Iraque 1,5 milhões de cristãos; 70 % deles moravam em Bagdá. Atualmente há menos de 400.000 cristãos. Embora a maioria deles continue vivendo em Bagdá, está acontecendo um êxodo contínuo para o norte, para as regiões controladas pelos curdos, onde, pelo visto, a situação é segura para eles.
O Patriarca Sako declarou: "Em tempos de Saddam tínhamos segurança, mas não liberdade religiosa. Hoje em dia temos liberdade religiosa, mas não segurança". O Arcebispo Mirkis o confirmou ao dizer que hoje em dia “reina tal pânico que são poucos os cristãos que ainda projetam sua vida e seu futuro no Iraque”. Os líderes da Igreja católica temem que a continuação da violência no Iraque acelere o final de quase 2.000 anos de cristianismo no Iraque.
Ante a grave situação do país, Ajuda à Igreja que Sofre tem uma campanha aberta de emergência para sustentar 1.000 famílias cristãs que fugiram de Mossul depois do avanço do grupo jihadista ISIS.