O Arcebispo Caldeu de Mosul (Iraque), Dom Amel Nona Shamos, alertou que os cristãos e outras minorias do país estão sendo vítimas de uma “limpeza religiosa” por parte dos extremistas muçulmanos do Estado Islâmico, que na semana passada obrigaram os fiéis a abandonarem Mosul se não se convertessem ao Islã e pagassem um imposto.

Em declarações difundidas nesta quarta-feira pela Rádio Vaticano, o Prelado disse que o país e, sobretudo as minorias necessitam de uma ajuda real. “Escutamos tantas declarações, tantos chamados, mas nosso povo tem necessidade de segurança porque os cristãos de todo o Iraque têm muito medo”, expressou.

O Arcebispo, cuja sede episcopal foi incendiada na semana passada pelos jihadistas, assinalou que o que sofrem os cristãos de Mosul é “um crime contra a humanidade”. “Pedimos também três coisas muito importantes: a proteção para nós e para todas as outras minorias, o apoio às famílias que fugiram da cidade de Mosul e encontrar casas e escolas para essas famílias que deixaram tudo”.

Por isso, pediu à comunidade internacional “encontrar uma saída e, sobretudo, para a cidade de Mosul, onde há um patrimônio de Igrejas e manuscritos muito importantes para nossa história, patrimônio de toda a humanidade”.

Dom Shamos Nona disse que houve solidariedade de parte de grupos muçulmanos, como em Bagdá, onde umas cem pessoas “demonstraram sua solidariedade para todos os cristãos. Houve também gestos na cidade de Mosul: alguns muçulmanos acompanharam os cristãos para fora da cidade com seus automóveis. Sim, há gestos de solidariedade, mas não são tantos assim”.

Assim, ante a pergunta da jornalista Gabriella Ceraso de se o que está acontecendo é uma “limpeza religiosa”, o Prelado respondeu: “Sim, é verdade. É um termo feio, mas real, é o que está acontecendo. É exatamente isso”.

O Arcebispo Caldeu de Mosul disse que as palavras do Papa Francisco “nos dão uma grande força. Esperemos que também todos os outros cristãos mostrem solidariedade com ações concretas. Há também outras Igrejas que começaram a demonstrar solidariedade mas queremos mais: que todos os cristãos em todo mundo mostrem esta solidariedade, sem ter medo de falar desta tragédia”.

Dom Shamos Nona disse que nestes momentos há nos fiéis tanto temor como coragem. “Desde 2003 até hoje, existe esta situação terrível de perseguição. Por isso há tanto medo como coragem. Não devemos negar que muitíssimas famílias cristãs e sacerdotes trabalharam de forma muito corajosa ao receber as famílias e ajuda-las a ver o futuro de uma forma melhor”, assinalou.

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