Roma, 31 de ago de 2014 às 14:45
O Papa Francisco recebeu no último 29 de agosto no Vaticano o Padre Jorge Hernández, um missionário argentino do Instituto do Verbo Encarnado que trabalha como pároco da igreja da Sagrada Família situada na franja de Gaza, fortemente golpeada pelos enfrentamentos entre as forças do Hamas e de Israel.
Em diálogo com o grupo ACI após um encontro com o Pontífice, o Padre Hernández assegurou que sua comunidade experimentou a proximidade do Papa Francisco durante os 52 dias de bombardeios na Gaza, através do frequente envio de mensagens de correio eletrônico.
"Não é a primeira vez que experimentamos a proximidade do Papa. Durante os dias de guerra nos mandava e-mails de apoio que mandávamos a toda a comunidade cristã, e foi um consolo, porque de entre os 2 milhões de habitantes da Gaza, 1350 são cristãos, dos quais 136 católicos. É muito significativo, uma graça e uma bênção que (o Papa) dê tanta atenção às pessoas", indicou.
Sobre o encontro com o Sumo Pontífice, o sacerdote assegurou que “uma vez mais, o Papa quis nos alentar a continuar e vivificar a presença dos cristãos, embora seja mínima, na Terra Santa. Pois Gaza é a titulo pleno parte do território da Terra Santa. O Papa alenta a que sigamos testemunhando a verdade de que Jesus Cristo é príncipe da paz”.
O Santo Padre “nos deu o conselho de não perder a alegria. Animou-nos a continuar sendo: ‘o sal da terra,’ buscando não esquecer a dimensão sobrenatural da presença dos cristãos ali”, acrescentou o sacerdote.
O padre argentino ofereceu sua gratidão pela preocupação do Papa Francisco por “um pequeno número de fiéis, especialmente significativo se pensarmos que Gaza tem uma população de 2 milhões de habitantes”.
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No nível humanitário, o Pe. Hernández explicou que os cidadãos da Gaza perderam todas seus pertences e suas casas.
“Há muito desconcerto na Gaza. Os habitantes de Gaza perderam tudo e muitos se refugiaram em barracas. O maior medo é enfrentar agora o frio do inverno. Existe gente que precisa de tudo porque tiveram que escapar, porque sua casa foi bombardeada”, denunciou.
Neste sentido explicou que a Cáritas, o órgão de caridade da Igreja no mundo todo, esteve com eles desde o início. “Sempre estiveram ao nosso lado. Nós pudemos albergar em nossa escola mais de 1.200 pessoas, justamente porque a Cáritas nos ajuda. Ajudou-nos em seu momento subministrando mantimentos, água e produtos de higiene. Isso evidentemente tem um valor enorme”, disse.
Entretanto, o Pe.Hernández se mostra otimista: “Como diz o Papa Francisco a paz é possível, é possível que os povos vivam em harmonia entre eles, é obvio que requer não poucos sacrifícios, mas é possível”.
Em referência à última guerra, interrompida com uma trégua indefinida no dia 26 de agosto, o Pe. Jorge Hernández frisou que “em uma guerra todos são iguais; os mísseis não respeitam nem cor, nem religião, nem lugar, seja palestino, israelense, cristão, muçulmano… em uma guerra ninguém importa, as duas partes perdem, a seu modo, algo, e terão que prestar contas com o passar do tempo das consequências que os enfrentamentos armados causam”.
Através do grupo ACI, o Pe. Hernández quis agradecer “a todas as pessoas de todo o mundo que rezam e oferecem a Deus sacrifícios implorando a paz para o Oriente Médio. Saibam que, também nós rezamos por eles e que esperamos que nosso Senhor, Príncipe da Paz, os abençoe”.