WASHINGTON DC, 10 de set de 2014 às 06:33
Em um congresso sobre a educação católica, Don J. Briel, fundador do programa de estudos católicos Catholic Studies, refletiu sobre o crescente distanciamento entre as universidades e a Igreja.
"No coração do Catholic Studies está o encontro não só com um conjunto de textos, mas também com mentes católicas vivas que compartilham essa alegria na verdade que se encontra no coração da vida universitária bem entendida", disse Briel na conferência que comemorou os vinte anos do programa de estudos na Universidade St. Thomas em Saint Paul, MN.
O congresso realizou-se de 29 a 31 de agosto. Em seu discurso de abertura, Briel refletiu sobre a história e o progresso da iniciativa universitária que atualmente conta com sete escolas primárias católicas, uma escola secundária e uma universidade diocesana em Notre Dame.
Briel refletiu sobre suas experiências na década de 1950 até meados de 1960.
Na escola primária e secundária, disse Briel, "as irmãs e irmãos religiosos foram predominantes". Existia uma cultura católica impregnada na vida acadêmica, espiritual e social das escolas que começou a diminuir ao terminar seus estudos universitários e do Vaticano II.
"Nos meses finais das deliberações do Concílio, estava claro que a Igreja se afastava de um auto-entendimento institucional relativamente resolvido, que tinha sido fortalecido por uma longa tradição profundamente intelectual e cultural para um compromisso mais aberto e menos contraditório com o mundo moderno", assinalou Briel.
"Quando fui embora de Notre Dame, muitas coisas tinham mudado", recordou, "não só o requisito de que os homens usassem terno e gravata para o jantar, mas também a eliminação dos hábitos religiosos, uma crescente resistência às exigências da teologia e da filosofia assim como um aumento da diversidade de antecedentes e compromissos entre os professores".
As universidades católicas também começaram a distanciar-se da hierarquia da Igreja, uma escola de pensamento que culminou em 1967 com a conferência de Land O'Lakes em Wisconsin, a que muitos educadores católicos proeminentes da época assinaram o que era uma "declaração de independência da hierarquia", indicou Briel.
Os assinantes do documento insistiram na "verdadeira autonomia e liberdade acadêmica frente à autoridade de qualquer tipo, leigo ou clerical", enquanto que ao mesmo tempo insistiam em que o catolicismo estivesse "perceptivamente presente e efetivamente operativo", distorcendo o papel da Igreja nas universidades católicas. Este pensamento continua dominando muitas universidades católicas na atualidade.
Estes problemas incluem: a ênfase em entregar diplomas aos estudantes em vez de formá-los na mente, a perda do sentido do rol da Igreja na dimensão intelectual, o afastamento da universidade da formação do sentido da moralidade dos estudantes e, em última instância, a desumanização de uma cultura formada sem a religião.
Para rebater estes problemas, o Dr. Briel fundou o primeiro programa de estudos católicos na Universidade St. Thomas (Saint Paul, MN), que agora serve como modelo para outras universidades com este tipo de programas.
"Começamos com o suposto de que Catholic Studies seria uma obra da Igreja", disse Briel, "não só intelectual, mas também apostólica pela qual procuramos formar não só um hábito da mente, mas também integrar a formação intelectual e espiritual em um forma orgânica".
O programa Catholic Studies na Universidade St. Thomas formou uma comunidade residencial centrada na formação humana, espiritual e intelectual com o fim de criar uma "verdadeira comunidade católica de convicção".
Mas enquanto Catholic Studies demonstrou ser uma tarefa enriquecedora para seus estudantes, não pode resolver por si só os problemas maiores que as universidades católicas enfrentam na atualidade. "Esta é responsabilidade do presidente e da administração de cada universidade", afirmou Briel.