Roma, 19 de set de 2014 às 11:51
Monsenhor Tejado Muñoz, subsecretário do Pontifício Conselho Cor Unum, afirmou recentemente que o Papa Francisco escolheu Albânia como o primeiro país da Europa a ser visitado por ele para sublinhar sua predileção pelos mais fracos.
“Pelo nível de importância estratégica, comercial e econômica, Albânia é um dos países menos significantes. A lógica mundana sempre é seguir os poderosos, ‘os que podem dar algo em troca’, como Alemanha, Espanha, Itália, França… Mas para o Papa não. Ele começa pelos últimos, pelos mais pequeninos, porque o cristão não segue a outros por interesse ou por uma estratégia para conseguir algo. Esta é a visão que tem o Papa e que deve ter todo cristão”, explicou Mons. Tejado em entrevista com o grupo ACI.
Este sacerdote madrilenhos, que viveu na Albânia durante dez anos conhece bem sua situação, afirmou que o Papa escolheu este país entre todos os países da Europa “porque quer dar ao mundo esta mensagem de uma lógica evangélica, espontânea, que olha para o pequeno, aquele que parece não ter valor”.
“Os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os últimos”. Esta frase tirada do Evangelho segundo São Mateus parece ser o modus operandi do Papa Francisco na hora de mover-se pela Europa. Depois de sua viagem ao Brasil, Terra Santa e Coréia do Sul, Albânia é o quarto país estrangeiro que visita o Pontífice argentino e o primeiro de toda a Europa.
Mons. Tejado chegou a Tirana em 1993, pouco depois da queda do Muro de Berlim e depois de 50 anos de comunismo férreo, deparou-se com uma grande pobreza. Seu primeiro trabalho, foi reconstruir uma antiga igreja usada como um palheiro durante a ditadura comunista.
A Igreja no país tinha sido perseguida durante décadas, e teve que começar de zero. “Vivi por vários meses em um barraco. Quando cheguei a Albânia eu encontrei uma mentalidade comunista e um país muito pobre. A arquitetura, a vida, as roupas, tudo era desse estilo. A Albânia estava fechada ao mundo e havia escassez de tudo. As casas estavam desmanteladas”, recorda.
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A partir de 1967 no país foi proibido pela Constituição todo tipo de manifestação religiosa, e muitos sacerdotes foram fuzilados, outros internados em campos de concentração e de trabalhos forçados, e outros encarcerados, onde sofreram cruéis torturas. “Encontrei-me com um país com grande interesse pela fé. Eu conheci muitíssimos dos sacerdotes que restaram, estiveram presos ou chegaram a conseguir esconderijo. Alguns deles foram nomeados bispos pelo Papa João Paulo II em 1993”, assinalou.
Durante seus anos na Albânia, Mons. Tejado trabalhou como Diretor da Cáritas, e depois como Secretário da Conferência Episcopal, também colaborou com as Missionárias da Caridade da Madre Teresa, e em 2003 foi chamado para ajudar o Papa no Vaticano, onde atualmente se desempenha como subsecretário do Pontifício Conselho Cor Unum.
O Prelado prevê que a acolhida ao Papa Francisco por parte da população albanesa será semelhante à que viveu o Papa João Paulo II em 1993. “O povo albanês é muito hospitaleiro, muito acolhedor, para eles foi uma honra a visita de João Paulo II depois do regime... foi um sopro de esperança e de futuro, foi fantástico. E a visita de Francisco será mais ou menos o mesmo, porque é um povo muito carinhoso”.
“Que venha o Papa Francisco, e que o primeiro lugar que pise na Europa seja a Albânia, cheia de orgulho e de alegria. Estou seguro que o acolherão muito bem, porque assim me acolheram, essa foi minha experiência”, concluiu.
Mons. Tejado não viajará no voo papal, mas visitará o país durante a estadia do Papa Francisco, que durará apenas um dia.