MADRI, 17 de jun de 2004 às 14:45
Após a “apatia eleitoral” manifestada nas últimas eleições do Parlamento Europeu, o Arcebispo de Valência, Dom Agustín García-Gasco, lembrou que “participar como candidato ou como eleitor é uma responsabilidade que dignifica a pessoa disposta a trabalhar pelo bem comum”.
A doutrina social da Igreja “nos anima a votar e estima o trabalho dos que, a serviço do homem, se consagram ao serviço do bem comum e aceitam as cargas dos ofícios públicos”, expressou o Arcebispo em sua carta “Cristãos e política”.
“A política é digna porque nasce e existe para o bem comum e seria injusto menosprezar com a abstenção aos cidadãos que se apresentam às eleições”, pontualizou Dom García-Gasco.
O Prelado também disse que “todos estamos chamados a colaborar na vida pública e temos o direito e, ao mesmo tempo, o dever de votar com liberdade para promover o bem comum”. Entretanto, “não todas as propostas políticas respondem ao bem comum ou, ao menos, não todas o fazem do mesmo modo”.
“Com clareza temos criticado a guerra contra o Iraque, a falta de respeito do direito à vida dos não nascidos, ou certos esquemas que longe de solucionar os problemas da pobreza no mundo, preferem políticas que aumentam a distância entre ricos e pobres”, disse o Arcebispo de Valência ao mesmo tempo em que precisou que a Igreja “não se confunde com a comunidade política nem esta ligada a partido político algum”.
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Entretanto, o Prelado pediu que “não se esqueça” que a Igreja “é, ao mesmo tempo, sinal e salvaguarda docaráter trascendente da pessoa, e isto não é um privilégio, mas um direito”.
Dom García-Gasco afirmou também que “é lógico e politicamente correto que os cristãos nos pronunciemos, democraticamente, nas urnas a favor daqueles partidos que mais respeito proporcionam aos valores cristãos”.
Pela mesma razão, indicou, “o que ninguém pode pretender é que votemos em quem menospreza o ridiculariza os valores”, explicou. Na realidade, “no núcleo do Evangelho está levar à toda a sociedade os nossos valores, não para impor, mas para que possam dar luz a quem livremente deseja ser iluminado pelo amor e o perdão”.
O Arcebispo concluiu sua missiva destacando que “em uso da liberdade de expressão que gozam todos os cidadãos, entre os que nos encontramos os pastores da Igreja, seguirei pregando que a vida está cheia de ocasiões para fazer presente as obras do Evangelho, e as eleições são um destas ocasiões”.
Após enfatizar que “ser cristão é estar comprometido com a sociedade que nos rodeia”, o Arcebispo convidou a “valorizar positivamente a política e aos que a ela se dedicam com sincera vocação” e exortou a “ter presença ativa em todos os atos participação pública, pois nada há de mais errôneo que expulsar os cristãos da política”.