VATICANO, 29 de set de 2014 às 14:05
O Bispo de Lincoln, Nebraska, Dom James Conley, afirmou que a preparação para o sacramento do matrimônio começa na vida familiar muito antes da união do casal e pediu que este assunto não seja deixado de lado nas análises sobre a problemática do divórcio.
Em uma entrevista concedida ao Grupo ACI, o bispo expressou que “em quase trinta anos de ministério, aprendi que nenhum sacerdote pode preparar adequadamente a um casal para o matrimônio nos meses que dispõe antes do casamento. A preparação real para o matrimônio começa em casa, com o testemunho dos pais casados e amorosos que abraçam a santa vocação à vida familiar”.
Embora o dever do sacerdote com o casal que vai casar-se pela Igreja seja ajudá-los a “abraçar o chamado do matrimônio” e “rejeitar as mentiras do mundo sobre as falsas relações” como a anticoncepção, o divórcio, a coabitação e o “matrimônio de prova”, o sacerdote tem poucos meses para realizar esta formação e, pelo contrário, a família tem anos para fazê-lo.
A formação para ser um marido e esposa fiel, assim como a formação para qualquer vocação, começa em casa onde a criança é ensinada “a acreditar em um Deus misericordioso e digno de confiança".
O bispo assinalou que atualmente muitas pessoas provêm de lares quebrados onde esse amor não foi entregue, o que torna difícil para o sacerdote transmitir em um curto período de tempo a importância e a santidade do matrimônio antes que o casal se case.
“Famílias quebradas geram mais famílias quebradas, casais quebrados geram mais casamentos quebrados”, assegurou Dom Conley.
O Sínodo dos Bispos em Roma, que se realizará no próximo mês, estará centrado na família. Ultimamente, os meios de comunicação prestaram muita atenção à situação dos católicos divorciados recasados.
Dom Conley advertiu que o divórcio é um “sintoma da cultura de morte” e se queremos evitá-lo a Igreja deverá focar-se na vida familiar e na preparação para o matrimônio.
“Em resumo, se queremos superar a cultura de morte, temos que fazê-lo atacando o problema de raiz, ou seja, permitir que Jesus Cristo cure as famílias”.
Dom Conley espera que o próximo Sínodo “possa ajudar as famílias a encontrar-se com Jesus Cristo” sem importar a sua situação e que possa alentar os pastores a examinar o matrimônio e a vida familiar “de forma tão séria como a Igreja prepara os jovens para o sacerdócio ou para a vida consagrada".
“Em relação às famílias quebradas, é a Igreja a que deve assumir grande parte da responsabilidade em preparar os casais para abraçar a cruz da vida matrimonial”, observou o Bispo.
Dom Conley recordou as palavras que o Papa Francisco dirigiu aos 20 casais que se casaram na semana passada no Vaticano, que as famílias são o “alicerce” que conforma a sociedade.