ROMA, 6 de out de 2014 às 11:25
A primeira mulher a ser nomeada membro de uma congregação vaticana explica que “as mulheres ainda têm muito para entregar à Igreja desde o seu carisma pessoal”.
A irmã Luiza Premoli, religiosa brasileira e superiora geral das Irmãs Missionárias Combonianas, foi nomeada membro da Congregação para a Evangelização dos Povos em setembro de 2014.
Em uma entrevista ao Grupo ACI, a religiosa assinalou que “a nomeação foi uma surpresa para mim, não o esperava, mas também fiquei muito contente porque se trata de uma concretização do desejo do Papa Francisco de que tenham mais mulheres nos altos cargos da Igreja Católica” e envolvidas nas tomadas de decisão dentro da Igreja.
Embora as mulheres já trabalhassem antes no Vaticano como conselheiras ou inclusive subsecretárias e membros de conselhos pontifícios, uma mulher nunca tinha sido nomeada como membro de uma congregação que são os departamentos de primeira linha da cúria romana.
Luiza Premoli nasceu no Brasil e ingressou na ordem das Irmãs Combonianas aos 23 anos. Esteve oito anos como missionária em Moçambique e outros oito anos no Brasil, onde foi nomeada provincial. Em 2010, foi escolhida superiora geral da ordem.
“Nosso carisma é a evangelização dos povos que ainda não receberam o Evangelho e ajudar as Igrejas locais a serem missionárias do seu próprio entorno e ao mesmo tempo abrir-se a todos os desafios missionários no mundo”, explicou a religiosa.
A irmã Premoli recordou as suas missões em Moçambique.
“Estive lá em 1989, em meio de uma guerra civil, e percebia que as pessoas valorizavam cada coisa pequena que tinham: um pedacinho de sabão, um pouco de roupa. Após quatro anos voltei para o Brasil para tomar um descanso e senti como se estivesse em outro mundo, onde as coisas se desperdiçavam e existia um amor por coisas desnecessárias”.
A religiosa disse que a sua experiência “foi uma lição para viver uma vida mais sóbria e para ser capaz de valorizar tudo o que temos”.
Durante sua experiência como missionária, a irmã Premoli também se impressionou do fato que “em meio das tragédias, as mulheres sempre levavam os seus filhos nos ombros e que as crianças sempre conservavam a calma, como se o contato com elas lhes fizesse sentir-se protegidas”.
A irmã Premoli assegurou que a contribuição que as mulheres podem dar à vida da Igreja é a maternidade.
“A Igreja é chamada ‘mãe’, e uma mãe deve entregar um anúncio cheio desta vida plena e gozosa que Jesus nos deu”.
A religiosa destacou que embora a Igreja seja uma organização na qual os altos cargos foram ocupados quase exclusivamente por homens, “as comunidades estão cheias de mulheres que entregam sua contribuição pessoal à vida da Igreja”.
A maior contribuição que as mulheres podem dar à vida da Igreja é “a maneira de contemplar a realidade e sua sinceridade”. As mulheres têm esta paixão peculiar que “vem provavelmente de sua maternidade”, observou.