VATICANO, 7 de out de 2014 às 16:36
“É preciso amar de verdade as famílias necessitadas”, exortaram na tarde de ontem os bispos reunidos na Segunda Congregação Geral do Sínodo da Família reiterando que “o matrimônio é e segue sendo um sacramento indissolúvel” e que a Igreja deve aproximar-se dos casais em dificuldade “com compreensão, perdão e misericórdia”.
Segundo informou a Santa Sé, com o encontro de ontem abriu-se o diálogo na assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, que de acordo com a ordem do Instrumentum Laboris, abordou ''O intuito de Deus sobre o matrimônio e a família'' e ''Conhecimento e Recepção da Sagrada Escritura e os documentos da Igreja sobre matrimônio e família''.
Durante o encontro, os bispos reiteraram o papel da família dentro da sociedade e a necessidade de adaptar a linguagem da Igreja para que a doutrina sobre a vida e a sexualidade seja entendida corretamente.
“É preciso buscar um diálogo com o mundo, seguindo o exemplo do Concílio Vaticano II, quer dizer, com uma abertura crítica, mas sincera. Porque se a Igreja não escuta o mundo, o mundo não escutará a Igreja. E o diálogo pode apoiar-se em questões importantes, como a igual dignidade de homens e mulheres e o rechaço da violência”, expressaram os prelados.
Do mesmo modo, falou-se da necessidade de envolver aos laicos no anúncio da Boa Nova, destacando seu carisma missionário. “A evangelização não deve ser uma teoria despersonalizada, ao contrário, tem que levar a que as mesmas famílias dêem, concretamente, testemunho da beleza e da verdade evangélicas”.
Nesse sentido, os prelados indicaram que o desafio consiste em “passar de uma situação defensiva a uma propositiva e ativa, relançando o patrimônio da fé com uma linguagem nova, com esperança, ardor e entusiasmo”, com testemunhos convincentes e criando uma ponte entre a linguagem da Igreja e o da sociedade.
Os bispos recordaram que “o ser humano aspira à felicidade e o cristão sabe que a felicidade é Cristo, mas já não encontra a linguagem adequada para dizer isto ao mundo”.
“Por quanto se refere aos casais em dificuldade, insistiu-se na necessidade de que a Igreja esteja perto delas com compreensão, perdão e misericórdia. A misericórdia é a primeira prerrogativa de Deus, mas é preciso considerá-la no contexto da justiça, somente assim será respeitado em sua plenitude o intuito divino”, indicaram.
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Do mesmo modo, reiteraram que “o matrimônio é e segue sendo um sacramento indissolúvel”. “Entretanto, já que a verdade é Cristo, uma Pessoa, e não um conjunto de regras, é importante manter os princípios, não obstante as formas concretas de sua atuação se modifiquem. Em resumo, como dizia Bento XVI: novidade na continuidade”.
“O Sínodo não questiona a doutrina, mas reflete sobre a pastoral, quer dizer sobre o discernimento espiritual para a aplicação da mesma para enfrentar os desafios da família contemporânea. Neste sentido, a misericórdia não elimina os mandamentos, mas torna-se a sua chave hermenêutica”, explicaram.
Os bispos indicaram ainda que “mesmo as situações imperfeitas devem ser tratadas com respeito, por exemplo, as uniões de fato nas que se convive com lealdade e amor, apresentam elementos de santificação e de verdade. O essencial é, portanto, considerar acima de tudo os elementos positivos, para que o Sínodo infunda valor e esperança também às formas imperfeitas de família, que podem ser valorizadas segundo o princípio de gradualidade. É preciso amar de verdade as famílias necessitadas”.
Do mesmo modo, advertiram sobre a “desfamiliarização”, ou seja, a perda existente na sociedade “do sentido da aliança entre o homem (e a mulher) e Deus”. Portanto, o anúncio da beleza da família “não deveria ser um esteticismo, a apresentação de um mero ideal para imitar; Ao contrário deveria explicar a importância do compromisso definitivo baseado na Aliança dos cônjuges com Deus”.
Durante o encontro também se abordou o “valor essencial da sexualidade dentro do matrimônio”. “Efetivamente, fala-se tanto, criticamente, da sexualidade fora do matrimônio que a sexualidade conjugal parece quase a concessão a uma imperfeição. O Sínodo mencionou - brevemente - a necessidade de melhorar a formação dos sacerdotes, de políticas em favor da família e do relançamento da transmissão da fé na família”, informou o Vaticano.
A Santa Sé informou que durante a hora de diálogo aberto foi apresentada uma proposta que “se referia à necessidade de incluir na reflexão o clero casado das Igrejas Orientais, que frequentemente vive também ‘crise familiares’, que podem desembocar na solicitude de divórcio”.
Também foi feita uma proposta para que o Sínodo envie “uma mensagem de ânimo e estima às famílias no Iraque, ameaçadas de extermínio pelo fanatismo islâmico e obrigadas a fugir para não renunciar à sua fé. A proposta foi submetida a votação e aprovada por maioria”.